Nova Presidenta

Petrobras: ‘É o petróleo que vai pagar a transição energética’, diz Magda

Em cerimônia de posse, Madga Chambriard prometeu gestão “totalmente alinhada” com o governo Lula, mas também “em consonância” com o mercado

Nova presidenta que Petrobras zerando emissões de carbono até 2050

São Paulo – A nova presidenta da Petrobras, Magda Chambriard, afirmou que será o petróleo que vai “pagar a conta” da transição energética no Brasil. Ela tomou posse nesta quarta-feira (19), prometendo uma gestão “totalmente alinhada” com o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Mas também “em consonância” com a visão de mercado, com a geração de valor econômico e com a rentabilidade.

Em cerimônia no Centro de Pesquisas Leopoldo Américo Miguez de Mello (Cenpes), no Rio de Janeiro, Magda afirmou que empresa vai perseguir uma transição energética “justa, mais inclusiva”. O objetivo, segundo ela, é chegar ao “net zero” – emissão zero de carbono – até 2050.

Para isso, no entanto, defendeu “investimentos consistentes” na exploração, produção e refino do petróleo, sendo o gás natural o “combustível de transição por excelência”. Ao mesmo tempo, citou que cerca de 11% do investimento total da Petrobras será em projetos de baixo carbono. 

“Alguém tem que financiar essa transição. Para financiar essa transição, são fundamentais investimentos em exploração e produção. Hoje eles representam cerca de 70% do nosso orçamento total e geram os maiores retornos para a companhia. Não existe falar em transição energética sem mencionar quem vai pagar essa conta”, explicou a nova presidenta. “É o petróleo que vai pagar essa conta”.

Em seu discurso de posse, ela afirmou que Lula lhe atribuiu duas “encomendas”. “A missão que me foi dada pelo presidente foi a de movimentar a Petrobras, porque ela impulsiona o PIB do país. E foi a de gerir a Petrobras com respeito à sociedade brasileira. Ele me disse bem assim: ‘tenho grande carinho pela Petrobras. A sociedade brasileira ama a Petrobras, e eu também amo. Não quero confusão nessa empresa'”.

Celeridade aos investimentos

Nesse sentido, Magda afirmou que vai cumprir com o plano estratégico 2024-2028+ da Petrobras, com investimentos de US$ 102 bilhões. “Vamos tornar realidade o que foi planejado. Tornar realidade, mas com celeridade. Vamos zelar pela governança e por resultados empresariais robustos, com rentabilidade e eficiência que o mercado e o Brasil esperam de nós”.

Destacou investimentos na ampliação da infraestrutura de gás natural, com o objetivo de ampliar a disponibilidade do insumo ao mercado. Desse modo, ressaltou a retomada dos investimentos no setor de fertilizantes como forma de ampliar a utilização do gás natural.  

Ao mesmo tempo, destacou a instalação de 14 novas plataformas nos próximos cinco anos, sendo sete delas até 2026, e ressaltou a “revitalização” da Bacia de Campos, bem como a continuidade do desenvolvimento do pré-sal, que atualmente representa cerca de 80% da produção de petróleo no país.

Além disso, disse que a segurança energética durante a transição passa necessariamente pela reposição das reservas atuais, que são finitas. “Nessa linha, é fundamental desenvolver nossas fronteiras exploratórias, como a da Margem Equatorial e do Sul do Brasil. Mas nós iremos desenvolvê-los com rigorosos padrões de segurança e em absoluta conformidade com a legislação ambiental e com os processos de licenciamento”.

Também prometeu ampliar o parque de refino, com a implementação do Trem 2 da Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, e com a conclusão do Polo GásLub, no Rio de Janeiro, como forma de reduzir a dependência do diesel importado.

Compromisso social e inclusão

Magda também celebrou que a Petrobras terá “de forma inédita”, além dela, outras três mulheres na direção da empresa. Renata Baruzzi vai ocupar a Diretoria Executiva de Engenharia, Tecnologia e Inovação, enquanto que Silvia dos Anjos será a nova diretora de Exploração e Produção. Assim, elas se juntam a Clarissa Coppetti, diretora executiva de Assuntos Corporativos.

Além disso, citou o compromisso social da empresa, com investimentos sociais, ambientais, de educação e de geração de trabalho e renda. Ressaltou que a Petrobras doou mais de R$ 30 milhões para os esforços de reconstrução do Rio Grande do Sul, afetado pelas enchentes. No Dia do Cinema Brasileiro, lembrou que a estatal foi protagonista durante o período da chamada “Retomada”. E disse que, após redução nos últimos anos, a companhia já está retomando os investimentos no audiovisual brasileiro.

Por fim, a nova presidenta ainda falou de improviso, para anunciar duas mensagens “do coração”. “A primeira é que cheguei até aqui porque, jovem, gostava de matemática. Me tornei engenheira e fiz um concurso público para a Petrobras. Quero ser exemplo para os jovens – meninos e, principalmente, meninas – que essa jornada é possível.”

Magda disse ainda que a Petrobras, assim como o BNDES, foram fundados há pouco mais de 70 anos durante o governo do então presidente Getúlio Vargas. Nesse sentido, no ano que completa sete décadas da sua morte, disse que a Petrobras e o BNDES vão criar um grupo de trabalho “para refletir sobre a importância do legado” de Vargas.