Novo governo

Com Salles ministro, preservação do meio ambiente perde importância

Coordenadora do Instituto Socioambiental avalia que alterações na gestão ambiental promovidas pelo governo Bolsonaro mostram sintonia do ministério com interesses de ruralistas

Valter Campanato/EBC

Para ambientalista, reestruturação chefiada por Ricardo Salles (foto) é coerente com discurso que nega direitos e desmatamento

São Paulo – As mudanças realizadas pelo governo de Jair Bolsonaro no Ministério do Meio Ambiente, por meio de medida provisória e decreto, podem ser interpretadas como rebaixamento de alguns setores e serviços considerados de extrema importância para a proteção ambiental do Brasil, segundo avaliação da coordenadora do Programa de Políticas e Direitos Socioambientais do Instituto Socioambiental (ISA), Adriana Ramos.

Até o momento, questões relacionadas às áreas de responsabilidades socioambientais, a produção e o consumo sustentáveis de produtos e alimentos e o setor de Mudanças Climáticas, já não fazem mais parte das atribuições diretas do MMA. Sob a gestão do ministro Ricardo Salles, a pasta também fechou a secretaria que tinha o papel de articulação daquele ministério com a sociedade civil. A mais recente amostra de descolamento do papel de proteção ao meio ambiente e às reservas naturais foi a decisão de punir servidores do Ibama que apliquem multas que venham a ser consideradas “inconsistentes”.

Em entrevista à repórter Ana Rosa Carrara, da Rádio Brasil Atual, Adriana explica que mudanças administrativas e de gerenciamento são comuns em início de mandato, mas a preocupação surge a partir das declarações que acompanham a atual reestruturação da pasta. 

“De uma certa forma, a estrutura (do ministério) é bastante coerente com as declarações que negam a importância das mudanças climáticas, desconsideram os direitos dos povos indígenas e das comunidades tradicionais e a relação desses direitos territoriais com a conservação da floresta e que, inclusive, colocam uma ‘cortina de fumaça’ no problema do desmatamento”, avalia Adriana. 

Ouça a reportagem: