ALGORITMO TÓXICO

Campanha adverte contra fake news sobre mudanças climáticas no YouTube

Plataforma com mais de 540 mil assinaturas exige que site de vídeos adote medidas para qualificar buscas sobre meio ambiente

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Vídeo do jornalista e escritor Richard Jakubaszko nega as mudanças climáticas

São Paulo – Uma campanha mundial que reúne mais de 540 mil assinaturas na plataforma Avaaz nesta terça-feira (11) exige alterações no algoritmo do YouTube para que vídeos que disseminam fake news sobre as mudanças climáticas parem de ser promovidos. Esses vídeos sustentam que as mudanças climáticas são uma farsa e podem ser encontrados em buscas com as palavras chaves “aquecimento global” e “mudanças climáticas”.

O YouTube é uma plataforma capaz de atrair audiência maior do que qualquer outro meio de comunicação, algo jamais visto na história da mídia. E, por isso, a desinformação sobre o problema do clima deve preocupar as sociedades em todo o mundo, já que a segurança e a saúde do planeta estão ameaçadas, entendem os defensores da campanha.

No YouTube, visitantes gastam em torno de um bilhão de horas por dia, e mensalmente, a página é visitada por dois bilhões de pessoas, montante equivalente a praticamente um terço da população mundial. Isso é mais do que a audiência de todas as TVs no mundo, adverte o relatório sobre o problema, divulgado pela Avaaz.

Uma questão central apontada pelo relatório é que no YouTube, assim como nas redes sociais, os algoritmos estão programados para maximizar o tempo que o usuário passa em sua plataforma, “mesmo que isso signifique deixar milhões de pessoas vendo teorias da conspiração malucas e desinformação pura”, adverte a campanha.

Ao mesmo tempo, as empresas que anunciam na plataforma não se mobilizam para que suas mensagens publicitárias sejam associadas a conteúdos qualificados. É o caso de de marcas como Itaú, Decathlon, Uber, Harley Davidson, Greenpeace, Hertz, entre outras. No total, a Avaaz identificou 108 marcas rodando anúncios nesses vídeos de desinformação. “Um em cada cinco anúncios mostrados são de marcas que se dizem ecológicas ou éticas ou mesmo entidades públicas”, avalia o relatório.

A campanha da Avaaz coloca em discussão mais um capítulo da luta da sociedade mundial contra a disseminação de fake news, que já provocou prejuízos à democracia de vários países, como no Brasil e Estados Unidos, entre outros, em que as fake news deram o tom das campanhas eleitorais que elegeram Donald Trump e Jair Bolsonaro.

Na segunda-feira (10), ao participar do programa Roda Viva, na TV Cultura, o médico Drauzio Varella disse com todas as letras que disseminar fake news é crime contra a população. Ele falava sobre os grupos que espalham informações contra as vacinas, em entrevista cujo tema central era o problema do coronavírus. “Esses grupos tinham que ser presos, estar na cadeia. Isso é um crime contra a população”, defendeu Drauzio.

No relatório, a Avaaz faz quatro recomendações para o YouTube, com medidas que deveriam ser adotadas imediatamente para parar o trânsito de informações falsas. As medidas são desintoxicar o algoritmo, demonetizar os vídeos de fake news, adotar a checagem de informação por agências independentes e adotar uma política de transparência.

Confira a campanha e o relatório da Avaaz