Chuvas no Sul

Prefeitura de Porto Alegre corre para erguer barreiras contra nova subida do Guaíba

O rio subiu 18 centímetros entre a tarde de ontem e a madrugada de hoje, podendo atingir áreas da cidade até então intocadas pelas águas. A Defesa Civil indica que o número de mortos subiu para 148. De cada 20 gaúchos, um está fora de casa

Lauro Alves/Secom
Lauro Alves/Secom
O nível do Guaíba saltou 18 centímetros entre a tarde de segunda (13) e a madrugada desta terça. As cheias podem fazer com que as inundações cheguem a regiões até aqui incólumes à tragédia

São Paulo – O risco do rio Guaíba voltar a atingir a marca histórica de 5,5 metros nesta terça-feira (14), conforme previsões da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) levou a prefeitura de Porto Alegre a construiu barricadas para conter o avanço das águas. As barreiras têm 1,80 metro e foram montadas com dois andares de sacos de areia na Avenida Presidente João Goulart e na Rua General Salustiano, no centro da capital gaúcha. O aumento recorde do Guaíba foi registrado no último dia 5, qunado atingiu 5,33 metros.

A operação visa evitar que as águas cheguem até a casa de bombas 16, do Departamento Municipal de Água e Esgotos (DMAE), desligada desde o último dia 6. O equipamento é responsável pela drenagem dos bairros Cidade Baixa e Menino Deus. Ambos ainda têm áreas alagadas.

As cheias podem atingir regiões de Porto Alegre até então intocadas pelas águas do rio, de acordo com especialistas. A continuidade da chuva, advertem, já torna mais difícil o escoamento. E há ao risco de que Porto Alegre permaneça por até um mês embaixo d’água. “O quadro de cheias ainda está em andamento e não há sinal de que será revertido nos próximos dias”, disse à Folha de S. Paulo o professor Rualdo Menegat, do Instituto de Geociências da UFRGS.

O nível do Guaíba saltou 18 centímetros entre a tarde de segunda (13) e a madrugada desta terça. Segundo o Centro Integrado de Coordenação de Serviços, às 5h15 de hoje o nível do rio alcançou 5,19 metros. A última medição, na tarde de ontem, indicava a marca de 5,01 metros. Nesse cenário, continua mais de 2 metros acima da cota de inundação, que é de 3 metros – e da cota de alerta, de 2,5 metros.

Enchentes e desabrigados no Rio Grande do Sul

Dados atualizados da Defesa Civil, divulgados nesta terça, indicam que o número de mortos no Rio Grande do Sul subiu para 148. Há ainda 124 pessoas desaparecidas e pelo menos 806 feridas. São, ao todo, 446 municípios afetados com 2.124.203 pessoas atingidas.

As enchentes deixaram desalojadas pelo menos uma a cada 20 pessoas no Rio Grande do Sul. Cerca de 616 mil estão fora de casa, das quais 538,2 mil em casa de amigos, parentes ou instituições não governamentais. Isso corresponde a aproximadamente 5% da população gaúcha, de 10.882.965, segundo o último Censo do IBGE.

Houve um salto no número de pessoas que tiveram que deixar suas casas principalmente na noite de sábado (11). Até então, o total era de 339,9 mil. Quase 80 mil estão vivendo em abrigos. E a tendência segue de crescimento diante das fortes chuvas no final de semana. No interior do estado, os rios Taquari e Caí voltaram a transbordar, alagando cidades que já estavam devastadas. Moradores já tiveram de deixar suas casas. A situação é de alerta máximo para o risco de novas inundações severas.

Prefeitos também pediram para que moradores de área atingidas não retornassem para suas casas. O de Canoas, Jairo Jorge (PSD), afirmou que as chuvas intensas podem provocar uma elevação de 5,5 metros no nível dos rios.

Lula estuda subsidiar casas para os gaúchos

Segundo informações da Globonews, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) estuda comprar casas e subsidiá-las para os desabrigados, nos moldes do programa Minha Casa Minha Vida. Ou seja, moradias de baixo custo a juros baixos., para tornar o valor mais acessível. Os detalhes ainda estão sendo discutidos e precisam passar pelo crivo da Casa Civil.

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Redação: Clara Assunção