Ovelhas ao matadouro
O povo continua como vítima da infecção que a elite econômica nos trouxe a partir de suas viagens/negócios internacionais, com a agravante de que, na elite, a crise parece ter passado
Publicado 30/07/2020 - 14h34
“Amazônia bate novo recorde nos alertas de desmatamento em junho; sinais de devastação atingem mais de 3000 km² no semestre, aumento de 25%.”
“Mortalidade infantil volta a crescer no Brasil após 13 anos.”
“Com 2,5 milhões de casos, Brasil passa dos 90 mil óbitos.”
Esses são dados do que um amigo meu chama de “necrocracia.”
Ao trazer à tona esses dados, meu amigo faz questão de dizer que o governo federal está cumprindo seu programa, que ele intitula de “necrocracia”: a morte para perpetuar-se no poder. E – continua ele – nisso, os resultados são inegáveis.
E o pior, a meu ver, é o aparente descaso com tudo isso.
Dá a impressão de que o nosso povo se conformou com um destino que lhe parece inexorável.
O Estado e suas instituições simplesmente assistem impassíveis ao avanço da morte. E fazem ouvidos de mercador à grita dos profissionais de saúde, que continuam a morrer num índice superior à média mundial.
O povo, por sua vez, continua como vítima da infecção que a elite econômica nos trouxe a partir de suas viagens/negócios internacionais, com a agravante de que, na elite, a crise parece ter passado, sobrando a grande mortalidade para a maioria composta pelos vulneráveis.
O que, inclusive, corrobora com o projeto de higienização desde há muito levado a efeito pela chamada elite brasileira.
O apóstolo Paulo dizia que na nossa luta pela justiça, muitas vezes éramos conduzidos como ovelhas ao matadouro.
Ao olhar para o povo brasileiro, essa imagem salta ao coração. Ccontudo, a impressão que se tem é a de que o povo brasileiro está sendo conduzido ao matadouro, não como consequência da sua luta pela justiça, mas como consequência de não estar lutando por mais nada.
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