Tempo de corrupção, deslealdade ao povo e ameaça à nação. Por Ariovaldo Ramos
Tudo isso enquanto enterramos nossos mortos, e enquanto o Judiciário, que poderia impugnar esses crimes, ainda está entre os motivadores desse tempo obscuro
Publicado 19/07/2020 - 11h35
O tempora, o mores! A expressão latina, que significa “Oh, tempos! Oh, costumes!”, segundo Célio Azevedo foi usada por Cícero, famoso orador e político romano, para expressar espanto e indignação por uma época decadente e uma situação escandalosa. “Em alto e bom latim, Cícero denunciava a corrupção, a deslealdade e a ameaça à sua nação.” Mais do que nunca, essa expressão faz sentido no Brasil. Poucas vezes tivemos tanta angústia e incerteza sobre tudo e sobre qualquer coisa.
A exemplo de Cícero, percebemos a ameaça à nação. E alguns que até ontem eram democratas dizem que a saída é pela direita. Sem se dar conta de que, mais uma vez, a direita está por trás destes tempos e destes costumes. Dizendo querer o fim da corrupção nos meteram na vala comum da adulteração de todos os valores da democracia. São eles, de novo, fomentando e apostando na confusão geral para dar lugar aos mais nefastos propósitos. Até em guerra já se fala. E a nação tutora começa a patrulhar o Caribe.
Nunca, porém, tanta desfaçatez se fez presente, com descaramento tal, que provoca asco, e que empurra para a enfermidade os trabalhadores. A chamada vitória do projeto econômico, patrocinada pelo rentismo, é algo que lembrará a chamada vitória de Pirro, rei de Epiro, diante de tanta morte e dor, para espanto do próprio céu, se isto for possível!
Enquanto enterramos nossos mortos
E o Senado aprova a privatização da água.
Fazem tudo isto enquanto enterramos nossos mortos, que sabemos que são mais de 78 mil, porque o governo sonega a verdade, seja pela incompetência na testagem, seja por esconder os dados para uso político ideológico.
Como disse o Ministro do STF é genocídio.
O Judiciário, aliás, poderia resolver isto pela impugnação da chapa, entre outras possibilidades, mas o judiciário está entre os motivadores da evocação da frase de Cícero.