Transporte

Prefeitura de São Paulo diz não identificar lideranças na greve dos ônibus

Secretário de Transportes avalia se tratar de grupo isolado e sem propósito político. Tatto vai se reunir hoje com o secretário estadual de Segurança Pública para negociar possíveis intervenções da PM

UOL/Folhapress

Pelo menos seis terminais de ônibus estão fechados, sendo três na zona sul e três na região central

São Paulo – O secretário municipal de Transportes de São Paulo, Jilmar Tatto, afirmou hoje (21) em entrevista coletiva que a prefeitura não sabe quem são as lideranças do movimento de paralisação de ônibus na capital paulista e avalia que se trata de um grupo isolado, sem propósito político. De acordo com o secretário, o poder público municipal não pode intervir na negociação entre trabalhadores e empresários, que são apenas contratados pela prefeitura.

“O grande problema desse movimento é que não tem liderança. Não há um interlocutor na cidade”, disse Tatto. “O que dá para perceber é que um setor minoritário, ligado ao sindicato, que está fazendo esse tipo de movimento. Pelas nossas informações não é uma atitude do sindicato, mas um pequeno setor que acaba trazendo esse transtorno para a cidade.”

Representantes do poder público municipal vão se reunir hoje, às 15h30, com o secretário estadual de Segurança Pública, Fernando Grella, para negociar possíveis intervenções policiais em atos considerados de vandalismo e violência, como o travamento de vias com ônibus. O secretário afirmou que observa certa “passividade” da Polícia Militar em relação aos conflitos na capital paulista.

Segundo o secretário, o superintendente regional do Trabalho e Emprego em São Paulo, Luiz Antônio de Medeiros, está se dirigindo neste momento para a garagem da viação Santa Brígida, na zona norte, onde teria começado a paralisação, para negociar com os motoristas. Representantes do Sindicato das Empresas de Transporte Coletivo Urbano de Passageiros de São Paulo (SP-Urbanuss) vão recorrer ao Tribunal Regional do Trabalho de São Paulo para pedir que a greve seja considerada ilegal.

“Toda negociação de relação trabalhista é privada. Não compete à prefeitura interferir. Acompanhamos a negociação por ser um contrato nosso e ficamos feliz que chegaram a um acordo sem paralisações. Em nenhum momento falei sobre índices com eles”, disse o secretário. “Não há uma greve. O que há é esse transtorno na cidade.”

Leia mais:

Grevistas ouvidos pela RBA consideram que não existe indicativo de conciliação entre trabalhadores, sindicato e empresas. Funcionários não aceitam o acordo feito entre o Sindicato dos Motoristas de São Paulo e as empresas de ônibus, apresentado em assembleia na segunda-feira (19).

A reivindicação dos motoristas é de 19% de reajuste salarial, R$ 1.250 de participação nos lucros ou resultados (PLR) e R$ 19 de vale-refeição por dia. No acordo firmado entre o sindicato patronal e o Sindicato dos Motoristas de São Paulo, o reajuste foi de 10%, a PLR passou para R$ 850 e o vale-refeição ficou acertado em R$ 16.

De acordo com Tatto, pelo menos seis terminais de ônibus estão fechados, sendo três na zona sul (Capelinha, Jardim Ângela e João Dias) e três na região central (Parque Dom Pedro, Mercado e Princesa Isabel). Terminais da zona leste funcionam normalmente. O rodízio municipal está suspenso na tarde de hoje e a prefeitura considera a possibilidade de anular as multas por rodízio pela manhã.

A Secretaria de Transportes calcula que pelo menos 300 mil pessoas foram prejudicadas com a paralisação de ontem. Ainda não há estimativa do prejuízo financeiro para a cidade.