Movimentos Populares

‘Solidariedade é fundamental, mas não tira responsabilidades do Estado’, diz Bonfim

Central de Movimentos Populares promove ações de solidariedade, mas cobra mais empenho do poder público e defende taxação de grandes fortunas

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"O que a gente precisa é de ação forte do Estado para não só a renda básica dos R$ 600, mas de outras medidas de proteção do emprego, da renda", destaca Raimundo Bonfim

São Paulo – A Central de Movimentos Populares (CMP), suas organizações filiadas e entidades parceiras promovem a campanha Movimentos Contra a Covid-19. A iniciativa estimula a solidariedade neste momento de crise ocasionada pela pandemia do novo coronavírus, que fragiliza ainda mais os grupos sociais mais vulneráveis. 

Lançada no dia 2, em menos de um mês a campanha já conta com mais de 72 pontos de arrecadação de cestas básicas, produtos de higiene e limpeza, que são revertidos às favelas, ocupações e periferias. Ao todo, 25 mil cestas de alimentos já foram distribuídas. A ação se soma ainda à campanha Vamos precisar de todo mundo, organizada pelas frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo, que tem espalhado 210 pontos de doação pelo país. 

De um lado a solidariedade, do outro uma mensagem política. De acordo com o coordenador da Central de Movimentos Populares e da Frente Brasil Popular, Raimundo Bonfim, o objetivo das iniciativas é estimular a cooperação, mas também cobrar, de todos os níveis de governo, medidas para o enfrentamento da crise. 

Reivindicação e denúncia

“Nós, dos movimentos populares, sabemos que essa solidariedade é muito importante, fundamental, mas insuficiente. Porque o que a gente precisa é de ação forte do Estado para não só a renda básica dos R$ 600, mas de outras medidas de proteção do emprego, da renda. Por isso estamos nessa campanha de taxar fortunas para salvar vidas”, explica o coordenador em entrevista à Rádio Brasil Atual. Ouça:

Além das ações de solidariedade, no final de março, os movimentos populares publicaram documento com propostas de enfrentamento na Câmara e no Senado – entre elas a taxação de grandes fortunas. E vem conjugando as iniciativas sociais à luta por direitos e de denúncia da desigualdade, anteriores à pandemia, como destaca Bonfim, que se queixa da inação do presidente Jair Bolsonaro e de alguns governadores. 

“Estamos abrindo mais covas no Brasil, do que leitos (em hospitais), essa é a realidade”, crítica o coordenador, que também endossa o movimento por “fora Bolsonaro”. “Não aceitamos que essa crise da pandemia seja jogada mais uma vez nos ombros e nas costas dos trabalhadores. A gente já estava vivendo em um estado de extrema pobreza, de ataque aos direitos, muita fome, miséria absoluta”, lembra Bonfim. 


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