Desperdício

Hospital Sorocabana fechado é irresponsabilidade da prefeitura e do governo de São Paulo

Protesto na Lapa pede reabertura do Hospital Sorocabana. Fechado em tempos de pandemia, são menos 150 leitos para tratamento da covid-19

Cecília Figueiredo/ SINDSEP
Cecília Figueiredo/ SINDSEP
Alexandre Padilha e Jilmar Tatto: São Paulo está em estado de guerra, e sistema de saúde perto do colapso

São Paulo – O clamor pela reabertura do Hospital Sorocabana, no bairro da Lapa, em São Paulo, reúne cidadãos, servidores públicos, médicos e demais profissionais da área de saúde. Na sexta-feira 22, parlamentares, lideranças políticas e dos bairros da região, representantes da CUT e dos sindicatos dos médicos, dos servidores municipais (Sindsep) e dos trabalhadores da saúde do estado (Sindsaúde), promoveram mais um ato pela reabertura do Sorocabana. O hospital se tornou ainda mais essencial nesses tempos de pandemia do coronavírus, defende o movimento.

A cidade e o estado de São Paulo estão entre os mais assolados pela covid-19 e a reabertura do Sorocabana poderia oferecer pelo menos 150 leitos para o tratamento da doença. Leitos que, depois, poderiam servir à população da região onde vivem mais de 300 mil pessoas, sem um hospital público que as atenda. 

Fechado desde 2010, o hospital tem sete pavimentos. Apenas dois estão funcionando, térreo e mezanino, com uma Assistência Médica Ambulatorial (AMA) e uma Rede Hora Certa. Indicativo de que não há problemas estruturais no prédio, construído na década de 1950.

Reportagem da Rede Brasil Atual apurou que para a reabertura do hospital seriam necessárias reformas nas instalações, reparos na rede elétrica, hidráulica, sistema de ventilação etc. O valor estimado é de R$ 100 milhões. A luta é pela reabertura com a recuperação de toda a estrutura para que o hospital volte a funcionar gerido 100% pelo SUS.

Para a população  

A presidenta do Sindsaúde, Cleonice Ribeiro, classifica como irresponsabilidade dos governos manter o hospital fechado. “A população à deriva e o governo pouco se lixando. Não dá pra viver dessa forma. Estamos aqui em defesa do SUS. Não dá para ver estruturas como essa caindo e o governo estadual e federal jogando dinheiro nosso, de impostos, no lixo.”

Carol, do Sindicato dos Médicos de São Paulo, lembrou que os hospitais de campanha construídos para o tratamento da covid-19 “vão embora depois”. “Isso aqui fica para a população”, disse, apontando para o prédio do Sorocabana. Manoel Norberto Pereira, do Sindsep, criticou o PL 39, do governo Jair Bolsonaro, que congela o salário dos trabalhadores da saúde. “Então, estamos aqui unidos com a mesma proposta da reabertura desse hospital tão importante”, ressaltou.

Bruno Doria

“É muito grave a postura dos tucanos Bruno Covas e João Doria diante da pandemia da covid-19 em São Paulo. E isso aqui é uma prova clara de como deixaram a cidade mais fraca para enfrentar essa pandemia.” A crítica é do deputado federal Alexandre Padilha (PT-SP). Ex-ministro da Saúde do governo de Dilma Rousseff e ex-secretário municipal da pasta na gestão de Fernando Haddad, Padilha diz que em sua gestão trabalhou pela reabertura da unidade. “Pressionamos o estado, garantindo recursos, para que o hospital fosse reaberto, numa região que não tem nenhum outro hospital”, lamentou. 

“Mas os tucanos enrolaram, dizendo que fariam um ‘puxadinho’ do Incor (Instituto do Coração) em vez de um hospital geral e não abriram. Fernando Haddad, quando estava na prefeitura, tentou reabrir o hospital, mas o governo do estado não passava a estrutura do hospital para a prefeitura. O Haddad teve de fazer serviço de saúde no entorno do prédio.” Até hoje funcionam além da Rede Hora Certa, a AMA e um Centro Especializado de Reabilitação. 

No final de agosto de 2016, lembra Padilha, quando faltava um mês para a eleição, Alckmin repassou o hospital para uso da prefeitura. Mas a gestão Haddad já não podia fazer mais nada, relata o ex-ministro. 

Tudo ficou pronto para a reabertura, mas nem João Doria nem Bruno Covas fizeram a reabertura. “Eles não querem investir em estrutura permanente do SUS.” 

Tem recurso 

O vice-presidente da CUT-São Paulo, ex-deputado estadual Luiz Cláudio Marcolino, lembrou a história de luta pela reabertura hospital como condição de atender a população da zona oeste. Marcolino destacou que a proximidade às estações de trem fazem do Sorocabana referência de atendimento também para outros bairros, e até outros municípios da Grande São Paulo. “Tem recurso no município e no estado para que esse hospital volte a funcionar.”

Jilmar Tatto, pré-candidato do PT à prefeitura de São Paulo, considera a reabertura do Sorocabana um compromisso. “Os hospitais estão entrando em colapso, as UTIs quase todas ocupadas. Nós precisamos denunciar o governo do estado e a prefeitura. Eles têm de fazer fila única nas internações’”, defendeu. 

“Estamos em estado de guerra. Temos de ficar em casa para não ser contaminados e exigir dos nossos governantes que se articulem, conversem, dentro da esfera federal, estadual e municipal para que a população sogra menos em relação à pandemia e todos tenham assistência.” 


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