Câmara de Aracaju aprova inclusão do ensino de Libras no currículo escolar
“Eu fico muito isolada na sala e aula e também na hora do recreio. Acabo perdendo muita coisa pela falta de interação”, relata a estudante Manuela
Publicado 29/07/2020 - 17h47
São Paulo – A Libras (Língua Brasileira de Sinais) é reconhecida desde 2002 como meio legal de comunicação e expressão no país. Instituições de ensino devem garantir, de acordo com a lei, o acesso à comunicação, à informação e à educação durante o processo escolar. Entretanto, seria necessária maior disseminação do conhecimento da linguagem para uma efetiva inclusão.
Em vídeo divulgado na semana passada, a pequena Manuela mostra suas angústias e seus anseios sobre a falta de inclusão. Manuela é surda e filha da blogueira Michele Machado (@misurdamg), que também é professora de libras. “Onde eu estudo não há outras crianças surdas. Meus colegas não sabem Libras, não sabem lidar muito bem com a minha surdez”, relata.
“Eu fico muito isolada na sala e aula e também na hora do recreio. Acabo perdendo muita coisa pela falta de interação. Às vezes fico muito triste, nervosa, e isso influencia muito no meu aprendizado e desenvolvimento escolar. Seria muito bom se implantassem a Libras como disciplina nas escolas”, completa a estudante.
Avanços
Em Aracaju, a Câmara dos Vereadores aprovou nesta semana a inclusão da Libras no currículo escolar. O projeto foi votado com sucesso após dois anos de tramitação. O texto é de autoria do vereador Lucas Aribé (Cidadania) e do ex-vereador e atual deputado estadual Iran Barbosa (PT).
“É preciso garantir a autonomia que a comunidade surda tem direito. Para que ocorra a inclusão cidadã, é preciso garantir a educação em Libras”, defendeu Barbosa, em audiência realizada ainda no ano passado. “Propormos, juntamente com o vereador Lucas Aribé, trazer o tema para a Casa porque é preciso ir além do debate. É necessário que a escola bilíngue seja colocada em prática”, completou.
Por sua vez, o vereador Aribé comemorou a aprovação da matéria em suas redes sociais. “Estamos fazendo com que o município comece a estabelecer uma política de inclusão da pessoa surda no ambiente escolar (…) É fato que será necessária uma quebra de paradigmas excludentes. Esse é um grande desafio para as próximas gerações, mas fundamental pois simboliza a socialização entre surdos e ouvintes no dia a dia.”