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Paulistanos mantêm isolamento porque desconfiam da segurança da abertura

Pesquisa Ibope mostra apoio popular ao isolamento social. Mesmo com abertura, há pouco interesse em frequentar shoppings, restaurantes, academias e salões de beleza

Rovena Rosa/Agência Brasil
Rovena Rosa/Agência Brasil
Manutenção do isolamento social é vista como necessária por parte dos paulistanos por segurança na pandemia

São Paulo – Cerca de 42% dos paulistanos que mantêm o isolamento social o fazem porque não confiam nos dados que embasam a reabertura do comércio e têm medo de voltar a frequentar esses lugares em meio à pandemia de coronavírus. É o que mostra a pesquisa Viver em São Paulo – Pandemia, realizada pelo Ibope em parceria com a Rede Nossa São Paulo. Dos 800 entrevistados, 62% disseram seguir mantendo o isolamento e 32% informaram ter abandonado a medida. Outros 6% disseram não ter feito isolamento.

Entre os que continuam em isolamento social, 68% informaram que continuam saindo somente para realizar atividades essenciais. Outros 32% relataram manter a prática por fazer parte de grupo de risco ou morar com alguém nessa condição.

A pesquisa mostra ainda que a reabertura do comércio em geral na cidade de São Paulo não mobilizou a maioria da população a frequentá-lo, rompendo o isolamento social. Entre os entrevistados, apenas 2% foram a academias, 7% a shoppings, 9% a bares ou restaurantes e 14% a salões de beleza. O índice é ainda menor entre quem declarou manter o isolamento. A maioria das saídas feitas em julho foi para buscar atendimento médico ou odontológico (16%), trabalhar (34%) ou ir ao comércio local por necessidade (41%).

Medos

A abertura do comércio teve início em 1º de junho, conforme as regras do Plano São Paulo, elaborado pelo governo João Doria (PSDB). A ideia é dividir as regiões do estado em cinco fases de abertura, da vermelha, mais restrita, à verde, menos restrita. No entanto, Doria tem afrouxado as regras no meio do processo, o que tem levado regiões a idas e vindas de aumento de casos, internações e mortes pela covid-19.

Tudo sobre a abertura em São Paulo

O impacto da pandemia na vida das pessoas se mostra também nas perspectivas de mudança na forma de deslocamento pela cidade. Enquanto 41% dos paulistanos dizem que pretendem se locomover mais a pé, 30% pretende reduzir o uso do transporte coletivo por ônibus e 26% reduzir o uso de trem e metrô. O motivo principal é a preocupação com o potencial de transmissão de doenças nesses ambientes.

No geral, a maior preocupação com o pós-pandemia vai continuar sendo a própria pandemia. Para 36% dos entrevistados, o maior medo é uma segunda onda de contaminações pela covid-19. Outros 30% indicam temer o desemprego e a recessão econômica. Já em meio à pandemia, a maior preocupação está sendo o afastamento dos familiares ou amigos por tanto tempo (46%).

Outro dado da pesquisa mostra que 84% dos paulistanos não têm empregados domésticos mensalistas ou diaristas. Entre os que ainda contam com esta prestação de serviço, 18% declararam não ter dispensado a profissional, mesmo com a quarentena. Outros 32% dispensaram temporariamente, mas já retomaram os serviços, enquanto 35% dos entrevistados disseram que ainda aguardam a situação melhorar para retomar a contratação de serviços domésticos. E 15% não procurarão mais esse serviço.


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