Rodoviarismo sem limites

Movimentos realizam protesto contra duplicação da rodovia Raposo Tavares

Manifestação no domingo às 9h no Km 18 vai defender a suspensão do projeto, por conta de seus impactos ambientais e econômicos com cobrança exacerbada de pedágios e desapropriações de imóveis e áreas verdes

Fernando Stankuns / CC
Fernando Stankuns / CC
Os impactos ambientais e econômicos negativos preocupam as entidades que criaram o movimento ‘Nova Raposo, não!’

São Paulo – Moradores das regiões sob influência da Rodovia Raposo Tavares em São Paulo e Cotia realizam no domingo (9) um ato de resistência ao projeto do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), de reformular a rodovia e instalar pedágios no sistema ‘free flow’ — sem cabines de cobrança.

Sem debate apropriado com a população, Tarcísio resgatou um projeto engavetado há anos. E prevê desapropriações ao longo de 115 km iniciais da rodovia para duplicações, faixas adicionais e vias marginais.

Os impactos ambientais e econômicos negativos preocupam as entidades que criaram o movimento ‘Nova Raposo, não!’. Estima-se que as desapropriações para ampliar a Raposo Tavares vão envolver cerca 1.500 imóveis desapropriados nos trechos de São Paulo e Cotia.

Segundo o Movimento, o projeto de Tarcísio desmata e desaloja pessoas. Também aumenta emissões de gases do efeito estufa, impermeabiliza o solo e aumenta as ilhas de calor e áreas com potencial de enchentes.

Urbanistas que integram o grupo técnico do movimento, que também inclui advogadas, geógrafas e biólogas, alertam que o projeto vai na contramão da “mobilidade sustentável” e que são múltiplas as ilegalidades verificadas. E que a cobrança de pedágios tão próximos um do outro vai dificultar a circulação local, com peso no orçamento das famílias.

Segundo o projeto, haverá pórticos nos seguintes pontos: Km 11,8 (R$ 0,62), Km 15,1 (R$ 0,77), Km 19,8 (R$ 0,92), Km 24,7 (R$ 1,27), Km 29,07 (R$ 1,65) e Km 39,1 (R$ 2,30). Pelo projeto, esses valores serão válidos para o primeiro ano de cobrança.

Concentração

Os movimentos realizam o ato no Km 18, em São Paulo. A concentração está marcada para 9h, em frente ao supermercado Barbosa. Haverá caminhada em uma via marginal da rodovia, mas sem impedir o fluxo de veículos.

O movimento Nova Raposo, não! agrega 105 entidades (associações de moradores, coletivos ambientalistas e diversas organizações).

O projeto de Tarcísio também prevê a concessão da rodovia e mudanças no eixo entre a capital e a cidade da região metropolitana. Os movimentos destacam que o plano prevê instalar os pórticos para cobrança automática de pedágio em trecho urbano.

A iniciativa do governo paulista sofre críticas de representantes dos bairros afetados na capital e Grande São Paulo. Associações de moradores de São Paulo e de Cotia têm se mobilizado contra a proposta do governo e levado como principal reivindicação a suspensão do projeto, uma vez que foram realizadas apenas duas audiências públicas — uma no DER, com menos de dez pessoas, e outra no município de Vargem Grande.

Audiência pública em 19 de junho

Integrante da Comissão de Transportes e Comunicação da Assembleia Legislativa, o deputado estadual  Enio Tatto é autor da iniciativa que garantiu a realização de Audiência Pública na Alesp, em 19/6, (quarta- feira), às 13h. Tatto tem solicitado a presença do secretário de Parcerias e Investimentos, Rafael Benini, para a sociedade se posicionar em relação ao projeto.

Na quarta-feira (5), a vice-prefeita de Cotia, Ângela Maluf, entregou carta ao Secretário de Governo e Relações Institucionais, Gilberto Kassab, em que se manifesta contra a cobrança de pedágio e a falta de incentivo à construção da linha 22 do metrô, que ligará Cotia e São Paulo