Levante pela Terra

Povos indígenas protestam contra benefícios do governo ao agro e cobram demarcações

Acampados em Brasília desde segunda (24), lideranças de todo o país reivindicam a derrubada da Lei do Marco Temporal e a homologação de seus territórios

Maiara Dourado/Cimi
Maiara Dourado/Cimi
Lideranças indígenas reunidas em Brasília reivindicam atenção a pautas históricas

São Paulo – Representantes de povos indígenas protestaram nesta quarta-feira (26) em Brasília contra os benefícios do governo ao agronegócio e cobraram demarcações. As lideranças lembraram que estão previstos R$ 570 bilhões em créditos e incentivos para os agricultores via Plano Safra. Ao mesmo tempo são ínfimos os valores destinados à demarcação de terras indígenas.

“O governo Lula, por meio do Plano Safra 2024/2025, prevê mais de R$ 500 bilhões, a metade de R$ 1 trilhão, enquanto nós, os povos indígenas do Brasil, estamos só com uns tostões até agora. E as demarcações de terra, homologações e portarias declaratórias todas travadas”, disse Kretã Kaingang, um dos coordenadores do Levante pela Terra.

Outra pauta dos indígenas é a derrubada da Lei 14.701 (Lei do Marco Temporal), que dificulta a demarcação de terras, além de permitir a abertura das terras para exploração do agronegócio e, principalmente, da mineração.

“Então, por isso estamos lançando a luta do mês de julho contra o agronegócio, contra o Plano Safra de mais de 500 bilhões de reais, e fortalecendo também a nossa luta pela derrubada da lei 14.701”, disse o coordenador do Levante pela Terra. “Nossa luta é incansável contra esta lei, que está travada no Supremo Tribunal Federal”, destacou.

Lideranças indígenas vão protestar também em julho

O lançamento do Plano Safra 2024/2025 está previsto para o dia 3 de julho, conforme o ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA), Paulo Teixeira. Segundo os indígenas, a data será de manifestações em todo país, asseguram as lideranças do Levante Pela Terra.

A 2ª Edição do Levante pela Terra começou na segunda-feira (24) e vai até esta quarta. O acampamento foi instalado no Complexo Cultural Funarte, em Brasília. Na abertura, lideranças e organizações rememoraram a primeira edição do evento, em 2021. A mobilização teve uma importância histórica para derrubada da tese do marco temporal, confirmada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), em setembro passado.

Para Simão Guarani Kaiowá, liderança da Aty Guasu, o Levante evidencia a luta indígena, mesmo diante das inúmeras tentativas de retrocesso promovidas pelo Congresso Nacional. “Estamos aqui para defender o nosso direito e a nossa terra, por isso chamamos o acampamento de Levante pela Terra”, destacou.

“Até o momento, a gente não recebeu nenhuma resposta do que foi prometido pelo governo federal. E agora, o Plano Safra será lançado com 500 e poucos bilhões. Mas para a demarcação que foi prometida não tem nenhum centavo”, disse.

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Confira vídeo de um momento da atividade desta quarta no Levante

Redação: Cida de Oliveira – Edição: Helder Lima