Números do IBGE

Indústria esboça reação em maio, mas produção despenca no ano

Atividade cresceu em relação a abril, mas na comparação com igual período de 2019 cai quase 22%

Itamar Aguiar/Palácio Piratini
Itamar Aguiar/Palácio Piratini
Setor automobilístico melhorou, mas ainda se encontra bastante abaixo do nível de fevereiro

São Paulo – Depois de duas fortes quedas mensais, a produção industrial cresceu 7% de abril para maio, mas ainda assim acumula retração de 11,2% no ano. Na comparação com maio de 2019, o tombo é de 21,9%, o segundo pior resultado da série histórica nessa base, só perdendo para abril (-27,3%). Em 12 meses, a atividade cai 5,4%. Os dados foram divulgados nesta quinta-feira (2) pelo IBGE.

“A  partir do último terço de março, várias plantas industriais foram fechadas, sendo que, em abril, algumas ficaram o mês inteiro praticamente sem produção, culminando no pior resultado da indústria na série histórica da pesquisa”, diz o gerente da pesquisa, André Macedo. “O mês de maio já demonstra algum tipo de volta à produção, mas a expansão de 7%, apesar de ter sido a mais elevada desde junho de 2018 (12,9%), se deve, principalmente, a uma base de comparação muito baixa.” Ele lembra que a indústria se encontra 34,1% abaixo do nível recorde, registrado em maio de 2011.

No mês, a atividade cresceu nas quatro categorias pesquisadas e em 20 dos 26 ramos. O instituto destaca, entre outros, os setores de veículos automotores, reboques e carrocerias, com alta de 244,4%. O segmento de coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis subiu 16,2% e o de bebidas, 65,6%. Isso aconteceu, informa o IBGE, “pelo retorno à produção (mesmo que parcialmente) de unidades produtivas, após as paralisações/interrupções da produção ocorridas em várias unidades produtivas” em razão da pandemia.

Setor de veículos

Com o resultado de maio, o setor de veículos também interrompeu dois meses negativos e teve a maior expansão mensal da série histórica. Mas, ainda assim, se situa 72,8% abaixo do nível de fevereiro. Entre as quedas no mês, estão as de indústrias extrativas (-5,6%), celulose, papel e produtos de papel (-6,4%) e perfumaria, sabões, produtos de limpeza e de higiene pessoal (-6,%).

Em relação a maio do ano passado, o IBGE apurou queda nas quatro categorias, em 22 dos 26 ramos, 72 dos 79 grupos e 81,9% dos 805 produtos. “Além do efeito-calendário negativo, já que maio de 2020 (20 dias) teve dois dias úteis a menos do que igual mês do ano anterior (22), observa-se a clara diminuição do ritmo da produção devido à influência dos efeitos do isolamento social, que afetou o processo de produção de várias unidades produtivas no país”, afirma o instituto.

Com retração de 74,5% ante maio de 2019, a atividade de veículos automotores teve a maior influência negativa no resultado geral. O IBGE aponta pressão dos itens “automóveis, caminhões, caminhão-trator para reboques e semirreboques, veículos para o transporte de mercadorias e autopeças”.

Também registraram retr ação os setores de máquinas e equipamentos (-35,5%), metalurgia (-28,0%), confecção de artigos do vestuário e acessórios (-60,8%) e produtos de borracha e de material plástico (-26,4%),entre outros. O setor de produtos alimentícios cresceu 2,9%.