Antidemocrático

Sindicato vai à Justiça contra manifestações do reitor interventor da UFFS, no Rio Grande do Sul

Para professores da Universidade Federal da Fronteira Sul, interventor nomeado por Bolsonaro e Weintraub faz apologia da destruição do regime democrático

Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Santa Catarina (SINTE/SC)
Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Santa Catarina (SINTE/SC)
Comunidade Acadêmica da UFFS de Chapecó realiza manifestação de repúdio pela nomeação de reitor. Agosto de 2019

São Paulo – A seção sindical dos Docentes da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS) protocolou denúncia contra o reitor Marcelo Recktenvald por atos antidemocráticos ao Supremo Tribunal Federal (STF), ao Ministério Público Federal (MPF) e à Comissão de Ética Pública da Presidência da República. A gota d’água foi uma postagem em seu Twitter, em que o reitor afirma que “um cabo e um soldado resolveriam essa questão. Tenho a impressão de que nossas instituições estão perdidas”.

O post foi feito em 27 de maio, dia em que o ministro do STF Alexandre de Moraes determinou a quebra de sigilo de investigados de financiar grupos de disseminação de fake news e autorizou busca e apreensão na casa de aliados do presidente Jair Bolsonaro. A receita do “cabo e um soldado para fechar o STF” é referência direta à declaração, em julho de 2018, pelo atual deputado federal Eduardo Bolsonaro.

Interventor

Recktenvald foi nomeado interventor por Bolsonaro e Abraham Weintraub em setembro de 2019. Seu nome não estava entre os escolhidos no processo interno para reitor da UFFS.

Alunos da UFFS mantêm ocupação da reitoria contra ‘reitor interventor’

Após assembleias consultivas com a comunidade universitária, o Conselho Universitário aprovou proposição de destituição de Recktenvald por 35 votos a 12. Em 12 de novembro, uma comissão protocolou pedido na Presidência da República que, sem resposta, foi parar na Justiça. 

Segundo a diretoria da seção sindical, “críticas às autoridades constituídas fazem parte da democracia, entretanto não pode ser tolerada a apologia da destruição do regime democrático. Enquanto dirigente de autarquia federal, Recktenvald tem ainda outros deveres adicionais na sua relação com os demais poderes”.

Para o diretor do SINDUFFS e professor da UFFS Ricardo Machado, a afirmação de reitor não causa surpresa. “O interventor só explicita seu desprezo pelas instituições democráticas. Hoje, infelizmente, a UFFS é um exemplo do risco que todas as instituições correm ao ter que conviver com um dirigente não eleito e que não está à altura da função que exerce.”


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