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Em aula pública, ativistas negros ampliam debate contra o fascismo

Evento também organizou a militância para conscientizar a população e reverter votos no segundo turno presidencial

@marianovazkez/Twitter

Evento no Teatro Oficina trouxe como tema ‘No país da escravidão, de que fascismo falamos?’

São Paulo – Com objetivo de enfrentar o fascismo e a violência do racismo, ativistas e integrantes do movimento negro realizaram, na noite da última quinta-feira (18), uma aula pública no Teatro Oficina, em São Paulo. No evento, eles debateram sobre o futuro do país nas eleições de 2018 e mobilizaram uma frente contra a candidatura de Jair Bolsonaro (PSL).

Douglas Belchior, professor de História e coordenador da Uneafro, afirmou que a militância periférica precisa continuar forte depois do dia 28, independente do resultado do segundo turno da eleição à Presidência. Segundo ele, é necessário conversar com o cidadão comum para contrapor as informações que chegam para a massa.

“Nós suportamos 500 anos de opressão. No dia seguinte das eleições, vamos nos juntar em grupos de ações comunitárias, usar nosso empoderamento para organizar a luta no nosso bairro e enfrentar o fascismo no país”, disse.

O evento trouxe como tema No país da escravidão, de que fascismo falamos?, na qual contou com a presença das deputadas estaduais Leci Brandão (PCdoB) e Erica Malunguinho (Psol), em São Paulo, e Andreia de Jesus, em Minas Gerais. Maria José Menezes, a Zezé Menezes, do Núcleo de Consciência Negra da Universidade de São Paulo (USP) também esteve presente.

Zezé endossou o discurso de Douglas. Ela lembrou que as pessoas que votarão em Bolsonaro não sabem se poderão participar da próxima eleição. “Nós vamos vencer esse monstro. Ele tem que ser enxotado as mentes e corações do povo da periferia para sempre. É um trabalho constante nesta guerra criada contra nós, mas venceremos. Sempre vencemos, se não nem estaríamos aqui”, afirmou.

Já Leci Brandão lembrou de sua militância durante a ditadura civil-militar e aponta três inimigos da comunidade negra, atualmente: os grandes meios de comunicação, a igreja e o mal uso da tecnologia, como as fake news do WhatsApp

A deputada estadual reeleita disse que acredita na mobilização popular para vencer as eleições e afirma que o candidato Fernando Haddad (PT) possui uma tropa consistente por trás dele. “Não é uma tropa de militar, é de gente que acredita na humanidade. A gente não quer voltar a ser o filho da sinhá, nós queremos as cadeiras nos poderes.”

A ascensão do fascismo no Brasil foi bastante discutida. Os ativistas lembram de seu passado escravizado e que são vítimas deste movimento há centenas de anos. Erica Malunguinho, por exemplo, cita a continuidade dessa lógica nos dias atuais com a falta de negros e LGBTs em todos os espaços da sociedade. 

De acordo com a deputada eleita pelo Psol de São Paulo, a naturalização da ausência construiu o ‘fenômeno bolsonarista‘. Ela alerta que o fascismo brasileiro não será temporário. “Precisamos começar a se incomodar a ausência dessas pessoas, ou não vamos avançar”, disse.

Ao defender Haddad, ela cobrou um novo pacto civilizatório. “O novo governo vai ter que considerar nossa presença lá dentro e não é como destinatários das políticas públicas, mas como escrevente delas”, exigiu.

Ouça a reportagem da Rádio Brasil Atual:

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