Campanha suja

Caixa 2 de empresários banca campanha criminosa de Bolsonaro contra o PT

Legislação eleitoral proíbe utilização de recursos de empresas nas campanhas, e ações que beneficiam Bolsonaro estariam sendo planejadas de forma não declarada para influir no resultado da eleição

Erick Dau/Farpa/Folhapress

Milhares de mensagens contra o PT estariam sendo planejados para beneficiar Bolsonaro no segundo turno

São Paulo – Empresários estão investindo milhões para fazer disparos de mensagens em massa pelo Whatsapp contra o PT e o seu candidato a presidente Fernando Haddad. Segundo reportagem do jornal Folha de S.Paulo desta quinta-feira (18), cada contrato de “pacote de mensagens” pode chegar a até R$ 12 milhões. A rede de lojas Havan, de Luciano Hang, está entre as empresas compradoras, segundo a reportagem. A prática é considerada ilegal por se tratar de doação empresarial de recursos, proibida pela legislação eleitoral. 

A operação envolve o envio de centenas de milhares de mensagens pelo Whatsapp e estaria sendo arquitetada para a semana que antecede a votação do segundo turno das eleições, no próximo dia 28. A Polícia Federal foi acionada, nesta quarta, pela coligação O Povo Feliz de Novo, para que investigue as denúncias de irregularidades associadas as fake news, doações não declaradas do exterior, propaganda eleitoral irregular e uso indevido do aplicativo WhatsApp. 

As mensagens contra Haddad e a favor do candidato Jair Bolsonaro (PSL) são enviadas a partir de uma base de dados dos apoiadores do capitão reformado ou compradas de agências de marketing digital, o que também é considerado ilegal, pois a legislação proíbe a venda de dados de terceiros. Segundo a reportagem, o preço de cada mensagem pode variar entre R$ 0,08 a R$ 0,12 quando utilizada a base de apoiadores de Bolsonaro e até R$ 0,40 quando utiliza a base das próprias prestadoras.

Estas listas de contatos também teriam sido adquiridas de maneira ilegal por meio de empresas de cobrança ou por funcionários de empresas de telefonia. Quickmobile, Yacows, Croc Services e SMS Market estão entre as agências que estariam prestando o serviço ilegal. A Quickmobile nega envolvimento e a Yacows afirmou que não vai se manifestar. Já a SMS Market não respondeu aos questionamentos da reportagem. O empresário Luciano Hang também nega participação.

Já o candidato Jair Bolsonaro pagou R$ 115 mil à agência AM4 Brasil Inteligência Digital, segundo prestação de contas fornecida ao Tribunal Superior Eleitoral. À Folha, a empresa oficialmente nega fazer a prática de disparo em massa de mensagens, e diz atuar com grupos de WhatsApp apenas para denunciar notícias falsas – as chamadas fake news –, além de “listas de transmissão e grupos estaduais chamados comitês de conteúdo”.

A reportagem, contudo, apurou que a AM4 Brasil utiliza ferramenta que fornece números de telefones de fora do país, utilizados como administradores para assim escaparem de filtros e limitações locais impostos pelo WhatsApp, assim podendo incluir grupos com o maior número de participantes, bem como o repasse automático de mensagens para mais grupos e pessoas. A empresa ainda utilizaria algorítimos para diferenciar os usuários de cada grupo, classificando-os como apoiadores, neutros ou opositores, para personalizar o tipo de mensagem enviada. 

 

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