Eleições argentinas devem consagrar candidatos que não assumem os cargos

Candidato a deputado, o ex-presidente Néstor Kirchner vai às ruas em campanha que pode se tornar um plebiscito

Fechadas as listas parditárias para as eleições legislativas de 28 de junho, os políticos argentinos saem à caça de votos. O ex-presidente Néstor Kirchner, agora confirmado como primeiro na lista da Frente para a Vitória, deixou a Quinta de Olivos para visitar comunidades pobres no entorno de Buenos Aires. É um dos candidatos que, se eleitos, não vai assumir o cargo. Na tentativa de assegurar a governabilidade, Cristina Kirchner contará com uma equipe de peso para tentar vencer na principal província do país: além de Néstor, concorrem a deputados o governador de Buenos Aires, Daniel Scioli, e o chefe de Gabinete da Presidência, Sergio Massa.

O integrante que mais surpreende na lista oficialista, no entanto, não é nenhum dos três. Trata-se de Nacha Guevara, atriz escalada nas últimas semanas em mais uma tentativa de atrair votos para a coalizão. Sem contar a militância política, Nacha tem como principal atributo o fato de ter vivido Evita Perón no teatro. A intenção de setores governistas é distribuir por Buenos Aires milhões de cópias de DVDs mostrando a atuação de Nacha nos palcos. Até o momento, é difícil medir qual efeito terá a entrada de “Evita” nas eleições, mas apenas uma tragédia sem precedentes para o peronismo fará com que ela não saia eleita do 28 de junho – é a terceira da lista da Frente para a Vitória, precedida por Néstor e pelo governador Scioli. 

Outro fantasma que ronda as eleições vizinhas é o de Raul Alfonsín. Depois do falecimento, em abril, o primeiro presidente no pós-ditadura voltou a atrair atenções e votos. A União Cívica Radical (UCR), partido de Alfonsín, tem como um dos principais integrantes Ricardo Alfonsín, filho do ex-presidente. Em algumas pesquisas, a UCR divide o segundo lugar com a lista kirchnerista – a liderança aparece com a coalizão de direita do PROperonismo, do atual prefeito de Buenos Aires, Maurício Macri.

Briga com o campo terá reflexo nas eleições

O kirchnerismo sabe da importância da votação no Legislativo: todos que saíram derrotados dela perderam também as eleições presidenciais seguintes. O problema é que o momento é muito ruim para o oficialismo, desgastado por mais de um ano de briga com o setor agrário, pela crise econômica global e por uma epidemia de dengue. Os desentendimentos com o campo devem custar caro aos Kirchner, que têm grandes chances de saírem enfraquecidos de províncias como Santa Fé e Mendoza, importantes em número de cadeiras em disputa.

Atualmente, o governo consegue maioria na Câmara com alianças e, no Senado, depende de barganhas para aprovar algumas matérias relevantes. Os ruralistas, por outro lado, apostam que poderão aumentar a bancada atual de 108 deputados, conseguindo maioria e impondo derrotas ao oficialismo.

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