Flávio Aguiar

Reação a corte de direitos trabalhistas cresce na França

'Movimento grevista está se intensificando com a adesão das centrais nucleares, que produzem 75% da energia elétrica do país', afirma Flávio Aguiar. Refinarias também registram paralisações

F. Blanc/ Force Ouvrière

Grevistas da agência de notícias francesa AFP

São Paulo – “Quem está lucrando, na França, com o impasse e a queda de popularidade do Partido Socialista é a extrema direita”, afirmou hoje (27), em sua coluna na Rádio Brasil Atual, o correspondente na Europa Flávio Aguiar. O impasse  está relacionado com as propostas de reforma trabalhista defendidas pelo presidente François Hollande, que encontram resistência na população. O governo Hollande é uma das demonstrações de guinada neoliberal do PS francês.

“Os protestos começaram com a ocupação de uma praça em Paris. O movimento era chamado de ‘noite em pé’. A polícia, inicialmente, teve a ordem de desalojar manifestantes. Isso já levou aos primeiros enfrentamentos”, relatou. A polícia vem reprimindo as manifestações com intensidade. “As manifestações estão se intensificando nos últimos dias com a adesão ao movimento grevista nas centrais nucleares, que produzem 75% da energia elétrica do país.”

As paralisações atingem refinarias francesas e afetam o abastecimento, com filas em postos de combustíveis. “Cinco das oito maiores refinarias do país estão paralisadas”, disse o correspondente. “A reforma proposta mexe com direitos considerados fundamentais pelos sindicatos. Para eles, as mudanças levam ao enfraquecimento dos movimentos de trabalhadores”, completou. E trazem, de mais grave, o estímulo às demissões.

Ontem, as manifestações atingiram a mídia local. Centrais sindicais expediram uma nota sobre as greves e solicitaram que os jornais publicassem. Quase todos os periódicos recusaram, o que levou o sindicato a chamar greve na imprensa. “A grande maioria dos principais jornais franceses não circulou”, disse Aguiar.

A questão das reformas trabalhistas também é tema polêmico no Brasil. “No caso brasileiro a coisa está indo mais longe. O governo interino de Michel Temer (PMDB), que não se acha interino, não quer apenas fazer com que acordos particulares possam sobressair aos acordos coletivos. Eles querem suspender a CLT. Querem que acordos possam se sobrepor à lei”, afirmou.

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