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Pagos com petróleo, mercenários ocupariam a Venezuela por 500 dias

Juan Guaidó será processado por tentativa de invasão e golpe de Estado. Oito paramilitares foram mortos e 34 detidos, incluindo dois norte-americanos

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"Por quem eles estavam lutando? Para Donald Trump, é simples assim", disse Maduro

São Paulo – O ministro de Comunicação da Venezuela, Jorge Rodríguez, informou nesta quarta-feira (13), que o deputado Juan Guaidó será alvo de investigação da Procuradoria-Geral. Guaidó estaria por trás da invasão ao país por tropas mercenárias e tentativa de golpe de Estado. O contrato com a empresa norte-americana de segurança Silvercorp previa não apenas a captura e/ou eliminação do presidente Nicolás Maduro, como a ocupação do país por 495 dias corridos, que poderiam estendidos por mais três meses.

O documento assinado por Guaidó e seu assessor Sergio Vergara – que também é deputado na Assembleia Nacional – e também pelo empresário venezuelano Juan José Rendón previa o pagamento de US$ 212 milhões aos mercenários comandados por Jordan Goudreau, ex-militar das forças especiais do Exército norte-americano e CEO da Silvercorp.

O contrato com detalhes da chamada Operação Gedeón foi assinado em 16 de outubro de 2019. A existência do documento foi confirmada por Rendón, em entrevista à ao canal de TV norte-americano CNN. Vergara e Rendón também renunciaram, na última segunda-feira (11) aos cargos que ocupavam no gabinete fictício de Guaidó, que se autoproclamou presidente da Venezuela, em janeiro do ano passado.

Os serviços contratados seriam pagos com barris de petróleo ou comissões cobrada de investidores trazidos pela própria Silvercorp, que explorariam as riquezas minerais do país. A ação mercenária também seria financiada a partir do confisco propriedades de integrantes do governo venezuelano, além do tráfico de bens culturais do país.

A primeira etapa da Operação Gedeón deveria durar 45 dias e previa gasto de US$ 50 milhões com transporte, combustível e viagens, que seriam custeados pela “Junta Patriótica Restauradora”, sob comando do autoproclamado presidente. 

Poder paralelo

O exército privado de Goudreau responderia diretamente a Guaidó, “o presidente encarregado”, atuando à margem da Constituição e por acima das instituições de defesa e segurança do país, como a Força Armada Nacional Bolivariana (FANB). Caso um paramilitar da Silvercorp fosse ferido em combate, Guaidó deveria custear toda a atenção médica, ou pagar uma pensão de US$ 450 mil ao familiar mais próximo em caso de falecimento.

Os paramilitares atuariam em conjunto com a Força Armada venezuelana, mas de forma autônoma, podendo atacar pessoas e lugares considerados “hostis” ao novo regime. A Silvercorp também ficariam responsável por reprimir manifestações do povo venezuelano que fossem contrárias à ocupação. Eles deveriam, ainda, destruir edifícios, qualquer avião não tripulado, inabilitar linhas de comunicação e outros “objetivos econômicos” do chavismo.

Ação

Também na quarta, as autoridades venezuelanas anunciaram a prisão de mais um envolvido na tentativa de invasão. Ao todo, 34 envolvidos na ação já foram detidos, entre eles dois cidadãos norte-americanos. Outros oito paramilitares foram mortos em combate com agentes da Polícia Nacional Bolivariana e da FANB.

Na madrugada de 3 de maio, um grupo de homens armados tentou entrar no país, com uma lancha, pela costa do estado de La Guaira. A outra incursão mercenária ocorreu no dia seguinte, na vila de pescadores de Chuao, na costa do estado de Aragua, norte do país. Foram os próprios pescadores que avistaram os invasores e avisaram comunicaram as forças policiais. Eles também ajudaram na captura e prisão dos paramilitares.

Participação estrangeira

Nicolás Maduro acusou o presidente norte-americano, Donald Trump, de estar por trás da invasão. E que esta teria também contado com o apoio do governo colombiano. Um dos detidos, segundo o governo venezuelano, seria um agente do departamento antidrogas norte-americano (DEA-Drug Enforcement Administration). A Silvercorp também prestou serviços de segurança privada para Trump, durante a sua campanha, em 2016.

“Por quem eles estavam lutando? Para Donald Trump, é simples assim. Ninguém duvide”, disse Maduro, em pronunciamento realizado naquele domingo. Ele afirmou que o ministro das Relações Exteriores da Venezuela, Jorge Arreaza, já havia compartilhado com as Nações Unidas evidências da participação do governo colombiano “e de Donald Trump nos planos de invadir a Venezuela por meio de violência e terrorismo”.

No mês passado, o governo norte-americano ofereceu recompensa de US$ 15 milhões por informações que levassem à captura de Maduro e outras figuras do governo venezuelano, sob a acusação de terrorismo e tráfico de drogas.


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