Estados Unidos

Ex-assessor de Trump, Bannon começa a cumprir pena de prisão por desacato

No mesmo dia que Steve Bannon começou a cumprir pena por se negar a colaborar com as investigações sobre a invasão do Capitólio, Suprema Corte decidiu que Trump tem imunidade para atos que cometeu durante a presidência

Gage Skidmore/Flickr
Gage Skidmore/Flickr
Ex-assessor de Trump, disse que será ainda mais forte da prisão

São Paulo – O ideólogo populista de extrema-direita Steve Bannon, ex-assessor de Donald Trump na Casa Branca, se entregou às autoridades federais dos Estados Unidos nesta segunda-feira (1°). Ele se apresentou a uma prisão federal em Danbury, no estado de Connecticut, onde vai cumprir pena de quatro meses de prisão por desacato ao Congresso, durante as investigações sobre o ataque ao Capitólio, em 6 de janeiro de 2021.

Na última sexta (28), a Suprema Corte dos EUA rejeitou apelo para adiar sua sentença. Bannon alegava que estava agindo com base no conselho de seus advogados ao não responder à intimação, aguardando a resolução das alegações de privilégio executivo por parte de Trump.

Ele se recuou a depor perante o Comitê da Câmara sobre o 6 de janeiro. Além disso, também foi condenado por se recusar a fornecer documentos relacionados aos esforços de Trump para reverter sua derrota eleitoral em 2020.

“Estou orgulhoso de ir para a prisão hoje se isso for o que falta para enfrentar Joe Biden“, disse Bannon, antes de adentrar a prisão. Ele falou para uma pequena multidão de apoiadores que agitavam bandeiras “Trump 2024”. E se descreveu como um “preso político”.

Assim, Bannon se tornou o segundo ex-assessor de Trump preso por desacato ao Congresso. Peter Navarro, ex-conselheiro comercial da Casa Branca, começou a cumprir sua pena em março. Ele também recebeu condenação de quatro meses de prisão por se recusar a testemunhar nas investigações sobre a invasão do capitólio.

Eleição na prisão

Desse modo, apontado como o mentor da ascensão do trumpismo, Bannon vai acompanhar da prisão as próximas eleições nos Estado Unidos, que serão realizadas no dia 5 de novembro. No entanto, ele não parece abalado. Nas últimas semanas, em seu podcast, disse que está trabalhando “24 horas por dia nessa campanha, sete dias por semana” pela reeleição de Trump. Também afirmou que será “mais poderoso na prisão do que sou agora”. Além disso, na sua última aparição no programa antes de ser preso, celebrou a vitória da extrema-direita no primeiro turno das eleições legislativas francesas.

Bannon atuou como estrategista chefe da Casa Branca até agosto de 2017. Ele se desgastou em escaramuças internas no governo e com o genro de Trump, Jared Kushner. Chegou a ser preso, em agosto de 2020, mas saiu no mesmo dia, após pagar US$ 5 milhões de fiança. Ele era acusado de desviar recursos de uma campanha de doações para a construção de um muro na fronteira entre EUA e México. Em janeiro de 2021, horas antes de deixar a Presidência dos EUA, Donald Trump concedeu perdão ao agitador.

Ao longo desses anos todos, Bannon não apenas permaneceu influente nos rumos do trumpismo, como também ganhou destaque como articulador da extrema-direita em nível mundial. Ele já esteve em um evento com o então presidente Jair Bolsonaro (PL), em março de 2019. E escolheu Eduardo Bolsonaro, com quem teve diversos encontros, como um dos líderes do seu movimento ultraconservador – The Movement – na América Latina.

Trump avança

Ao mesmo tempo, Trump obteve uma importante vitória nesta segunda-feira. Por seis votos a três, a Suprema Corte decidiu que ele tem direito a imunidade parcial nos processos a que ele responde na Justiça norte-americana. Nesse sentido, o tribunal considerou que ex-chefes de Estado têm imunidade absoluta contra processos por ações tomadas oficialmente como presidente durante o mandato.

Os juízes progressistas que saíram derrotados classificaram a decisão de “profundamente errada” e que “inventa a imunidade na base da força bruta”. Trump, por outro lado, saudou a decisão como “uma grande vitória da democracia”.

Assim, caberá aos juízes que cuidam dos casos de Trump analisar se os supostos delitos teriam sido cometidos durante a realização de “atos oficiais” ou não. Se considerarem que sim, Trump poderá invocar a imunidade. Mas, na prática, o atraso provocado pela decisão praticamente deixa o caminho livre para um possível retorno do ex-presidente.

No caso principal, uma Corte federal se preparava para julgar Trump por incitação aos manifestantes que invadiram o Capitólio em 6 de janeiro de 2021. Caso vença as eleições, ainda pode determinar que o Departamento de Justiça promova a extinção dos processos contra ele.

Trump abriu vantagem nas pesquisas após participação considerada desastrosa do presidente, Joe Biden, em debate na semana passada. Deste então, especula-se uma possível troca na chapa do partido Democrata. Caberá apenas a Biden, no entanto, decidir abrir mão ou não da sua candidatura.