Advogado que abrigava Queiroz esteve ontem na posse de novo ministro
Após prisão de Fabrício Queiroz, é preciso investigar “rede de proteção” que blinda a família Bolsonaro e suas relações com a milícia do Rio, cobra ABJD
Publicado 18/06/2020 - 10h00
São Paulo – A prisão do ex-assessor Fabrício Queiroz na casa do advogado Frederick Wasseff, em Atibaia (SP), acende o alerta para a “rede de proteção” que cerca a família Bolsonaro. Wasseff participou nesta quarta-feira (17) da cerimônia de posse do ministro das Comunicações, Fábio Faria, em Brasília. Além de advogar para o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) e para o presidente, ele é considerado um amigo da família.
Também foi Wasseff que apresentou o publicitário Fábio Wajngarten, atual chefe da Secretaria Especial de Comunicação Social (Secom), ao presidente.
“Não tem nenhum problema o advogado ser amigo da família. O problema é que existe toda uma rede montada nesse esquema de proteção, de autoproteção, para blindar Investigações. O estranho é que o advogado ceda seu imóvel para um investigado”, afirmou a advogada Tânia Maria de Oliveira. Ela é integrante da coordenação executiva da Associação Brasileira de Juristas pela Democracia (ABJD).
Familícia
Em entrevista a Glauco Faria, no Jornal Brasil Atual, nesta quinta-feira (18), Tânia destaca que a prisão de Queiroz deve ajudar a elucidar as relações da família Bolsonaro com a milícia no Rio de Janeiro. Queiroz, que também era ex-policial, trabalhou no mesmo batalhão que Adriano da Nóbrega, que era suspeito de comandar o grupo miliciano denominado Escritório do Crime. Ele foi morto, em fevereiro, em uma ação policial no interior da Bahia.
Além de colegas de profissão, Queiroz e Adriano eram amigos, segundo investigações do Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ). Fabrício também teria indicado a mulher e a mãe de Adriano, Danielle da Nóbrega e Raimunda Magalhães, para trabalhar no gabinete do então deputado Flávio Bolsonaro.
Os promotores investigam se as duas teriam entregue R$ 202 mil sacados de suas contas para Queiroz. O ex-policial é suspeito de comandar esquema de “rachadinha”, que desviava parte dos salários dos servidores do gabinete. As investigações apontam ainda que o então assessor recebeu dois repasses de dinheiro de pizzarias controladas por Adriano.
“Queiroz tem ligações com a milícia do Rio de Janeiro, sabidamente. São informações de conhecimento público. É preciso aprofundar essas Investigações que envolvem a família Bolsonaro em grandes esquemas de corrupção com as milícias no estado do Rio de Janeiro”, disse Tânia.
Assista à entrevista:
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