Glória e desonra

Lalo Leal: Globo acerta o alvo com argumentos errados

Professor e jornalista comenta malabarismo da mídia para citar Lula na prisão de Fabrício Queiroz. E contesta argumentação de editorial da Globo, que clamou pela história. “Logo ela, autora das maiores deturpações”, diz

TV Globo/Reprodução
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"Hoje ela (Globo) é contra o desgoverno (Bolsonaro), mas nem por isso sua parcialidade histórica deve ser esquecida", afirma Lalo Leal no canal do Barão de Itararé

São Paulo – Para o professor e jornalista Laurindo Lalo Leal Filho, os veículos de comunicação corporativa foram autores de um verdadeiro “malabarismo” para citar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no noticiário sobre a prisão do ex-assessor de Flávio Bolsonaro, Fabrício Queiroz. O que começou como uma brincadeira nas redes sociais, por conta da prisão ter ocorrido em Atibaia – a mesma cidade no interior de São Paulo, onde um sítio foi usado pela Lava Jato para incriminar Lula – virou uma associação direta do ex-presidente ao Queiroz, investigado por um esquema ilegal de “rachadinhas” e de desvio de dinheiro público. 

Em sua coluna no canal do Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé, Lalo lembra que foram vários os veículos que “fizeram questão de colocar Lula numa notícia que não tinha nada a ver com ele”. “Até o Fantástico (programa da TV Globo) fez isso no domingo à noite”. 

Lalo faz referência à matéria, divulgada no domingo (21), em que o repórter destaca que com o ex-presidente, Atibaia, “que tem muitas casas de temporada”, já havia ganhado destaque nacional.

Editorial no Jornal Nacional

Apesar da manobra, o professor e jornalista pondera que a Globo “cumpriu com competência técnica” a cobertura da prisão do amigo da família Bolsonaro. Evidenciando, inclusive, a oposição do grupo ao presidente Jair Bolsonaro. Fato que, de acordo com Lalo, ficou claro no editorial do Jornal Nacional de sábado (20), que saiu “contra o crime cometido pelo atual desgoverno contra a população brasileira, que tem provocado milhares de mortes”. 

Lalo avalia como “positivo” o conteúdo do editorial lido pelo jornal, reconhecendo a omissão dos que negam a realidade da pandemia do coronavírus, mesmo com o trágico marco de 50 mil mortes no país. No entanto, o jornalista critica a forma usada, considerando-a “precária e sem sustentação”. Principalmente pelo trecho que destaca que “a história vai registrar aqueles que se omitiram, que foram negligentes, os que foram desrespeitosos”. Texto que prossegue afirmando que “a história atribui glória e atribui desonra. A história fica para sempre”. 

Para o colunista, o discurso mira no alvo correto, mas pode ser um tiro no pé da própria emissora. A começar pelo tentativa do grupo de “fraudar as eleições do Brizola ao governo do Rio de Janeiro”, “escondendo até a última hora a campanha por Diretas Já”. Até fatos que ocorreram depois, como a “deturpação do debate entre Lula e Collor”, em 1989. Além de “clamar o povo às ruas para derrubar a presidenta Dilma e criar a comoção necessária para sustentar a prisão de Lula”. 

“Clamar pela história, logo ela, chega a ser ridículo. Clamar pela história ela que é autora das maiores deturpações (…). Hoje ela é contra o desgoverno (Bolsonaro), mas nem por isso sua parcialidade histórica deve ser esquecida”, destaca Lalo Leal. 

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