Lavagem

Empresários ligados ao MBL são presos, em São Paulo, por lavagem de dinheiro

Segundo o MP, os dois empresários presos mantinham empresas de fachada e faziam doações suspeitas ao MBL. Grupo nega envolvimento

Reprodução Youtube
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Um dos presos na operação de hoje, Luciano Ayan

São Paulo – Dois empresários ligados ao Movimento Brasil Livre (MBL) foram presos pela Polícia Civil de São Paulo na manhã desta sexta-feira (10). Alessander Mônaco Ferreira e Carlos Augusto de Moraes Afonso (conhecido pelo pseudônimo Luciano Ayan nas redes sociais) são suspeitos de envolvimento no desvio de mais de R$ 400 milhões em impostos federais.

As prisões preventivas são resultado de investigação conjunta do Ministério Público Estadual (MP-SP) e da Receita Federal. Além das detenções, os policiais cumpriram mandados de busca e apreensão em seis endereços, incluindo a sede do MBL, na capital paulista. Segundo o MP-SP, as investigações evidenciam que o movimento teria recebido doações de forma suspeita, ocultando as cifras recolhidas. Além disso, também teriam utilizado diversas empresas em “incontáveis irregularidades, especialmente fiscais”.

“A família Ferreira dos Santos, criadora do MBL, adquiriu/criou duas dezenas de empresas – que hoje se encontram – todas – inoperantes e, somente em relação ao Fisco Federal, devem tributos, já inscritos em dívida ativa da União, cujos montantes atingem cerca de R$ 400 milhões”, diz o MP-SP, em nota.

Por outro lado, o MBL nega relação com os detidos. O grupo ficou conhecido por realizar manifestações em favor do golpe do impeachment contra a ex-presidenta Dilma Rousseff. Defendem o Estado mínimo e a “moralização” da política.

“As evidências já obtidas indicam que estes envolvidos, entre outros, construíram efetiva blindagem patrimonial composta por um número significativo de pessoas jurídicas, tornando o fluxo de recursos extremamente difícil de ser rastreado, inclusive utilizando-se de criptoativos e interpostas pessoas”, detalha o Ministério Público paulista.

Movimentação incompatível

De acordo com os investigadores, Alessander Ferreira realizou movimentação financeira “extraordinária e incompatível”. Ele também é suspeito de ser sócio em duas empresas de fachada. Essas empresas faziam doações “altamente suspeitas através da plataforma Google” ao MBL.

Ele também viajou mais de 50 vezes para Brasília, entre julho de 2016 e agosto de 2018. Nesse período, quando Dilma já havia sido afastada da Presidência, ele fez visitas ao Ministério da Educação “com objetivos não especificados”.

Depois, foi contratado pelo governo de São Paulo para trabalhar na Comissão de Avaliação de Documentos e Acesso (Cada) da Imprensa Oficial do Estado. Ele tinha a função de gerenciar tarefas de eliminação de documentos públicos, de informações relativas ao recolhimento de documentos de guarda permanente, produzidos pela Administração Pública, segundo o MP.

Já Luciano Ayan, segundo os investigadores, ameaçava quem questionasse as finanças do MBL e disseminava fake news. Ele também é suspeito de ser sócio em quatro empresas de fachada. Além disso, também teria utilizado contas de passagem, com “indícios de movimentação financeira incompatível perante do fisco federal”.

Nas buscas, os policiais apreenderam celulares, computadores, HDs e pendrives, além de documentos impressos e dinheiro. Também encontraram maconha. No entanto, a droga não foi apreendida, interpretada como sendo para uso pessoal.


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