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BC decidiu investir nos ‘especuladores’, critica Lula

“Quanto mais a gente paga de juro, menos dinheiro a gente tem para investir aqui dentro”, reclamou Lula, sobre a decisão do Copom em manter a taxa básica de juros em 10,5% ao ano

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"Quem está perdendo é o Brasil, é o povo brasileiro", disse Lula sobre os altos juros

São Paulo – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou nesta quinta-feira (20) a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC), que manteve a taxa de juros (Selic) em 10,5% ao ano. Para Lula, o Copom decidiu “investir nos especuladores”. Em visita ao Ceará para anunciar investimentos em instituições de educação e saúde, Lula falou em entrevista à Rádio Verdinha.

“A decisão do Banco Central foi investir no sistema financeiro, foi investir nos especuladores que ganham dinheiro com juros. E nós queremos investir na produção”, afirmou. “Foi uma pena, porque quem está perdendo é o Brasil, é o povo brasileiro. Porque quanto mais a gente paga de juro, menos dinheiro a gente tem para investir aqui dentro”.

Nesse sentido, ele ressaltou que o país pagou R$ 790 bilhões com juros da dívida no ano passado. Ao mesmo tempo, foram mais R$ 536 bilhões em impostos que a União deixou de receber com as desonerações, enquanto o mesmo mercado pressiona o governo por mais cortes de gastos.

Assim, Lula afirmou que seu objetivo é “elevar o padrão de vida das pessoas mais humildes”. “Agora isso é muito difícil, porque os que estão em cima não querem que os que estão embaixo subam um degrau na escada”, afirmou.

Greve nas universidades

Além disso, Lula também voltou a comentar a situação da greve nas universidades e institutos federais, que já dura mais de dois meses, paralisando aulas em 61 unidades de ensino. Disse que no seu governo, não falta oportunidades de “conversar, de negociar”. Mas é preciso que as categorias entendam que não foi possível oferecer reajuste salarial neste ano.

“Nós apresentamos um pacote, e nós demos 9% antecipado o ano passado. Às vezes fico triste porque ninguém agradeceu os 9%, e estão fazendo uma greve dizendo que é por 4,5%, que nós não demos nada esse ano. Olha, mas se a gente não deu porque não pode dar, não significa que não possamos nos anos seguintes dar mais do que os 4,5%”.

Nesse sentido, lembrou seu histórico como líder sindical. Disse que, por causa do “radicalismo”, muitas vezes ficou “sem nada”. “Chegou um momento que eu aprendi que muitas vezes entre 100 e zero tem muita coisa”.

Eleições e outros temas

Nesta madrugada, ao menos sete jovens morreram numa chacina em Viçosa do Ceará. Nesse sentido, Lula afirmou que a segurança pública continua sendo um grande problema do país. Atribuiu o aumento da violência à liberação do acesso às armas pelo governo anterior. E disse que o ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, deve apresentar nos próximos dias uma proposta para a área. Além disso, Lula também quer que seus ministros que foram governadores também opinem sobre o tema. Com a proposta amadurecida, a ideia é ouvir ainda os atuais governadores.

Sobre as eleições municipais deste ano, o presidente afirmou que seu papel exige “mais cuidado e responsabilidade”. A sua principal preocupação é evitar se indispor com candidatos de partidos que compõem a base do governo federal. No entanto, disse que, onde houver adversários “ideológicos”, vai fazer campanha. “Vou ficar trabalhando até 18h e depois vou fazer campanha para os candidatos que eu acho que vão melhorar a vida do povo”.

Já sobre a disputa presidencial de 2026, disse que o seu governo tem “excelentes nomes” que podem sucedê-lo. Disse que não pode citar nomes, para evitar “brigas internas”. No entanto, voltou a repetir que fará “um esforço incomensurável para não deixar um negacionista voltar presidir esse país”.