Verniz conservador

Paulistano é de direita, mas menos bolsonarista do que a média nacional, indica Datafolha

Pesquisa revela, contudo, um aumento dos eleitores que se dizem direitista e os de esquerda. Em 10 anos, conservadores passaram de 20% para 28%. Enquanto os moradores da capital paulista de esquerda foram de 14% para 21%

Tomaz Silva/ABr
Tomaz Silva/ABr
O Datafolha aponta que somado àqueles que se dizem de centro-direita e de centro esquerda, o contingente dos campos vai a 40% e 31%, respectivamente, em São Paulo

São Paulo – Pesquisa Datafolha revela que a maioria dos moradores de São Paulo se identifica mais politicamente com a direita, mas são menos bolsonaristas do que a média dos brasileiros. De acordo com o levantamento, divulgado nesta segunda-feira (3), 28% dizem ser direitistas, enquanto 21% são esquerdistas. Os paulistanos, contudo, são mais petistas do que seguidores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Apesar do verniz conservador, 19% dos entrevistados afirmaram ser bolsonarista, ante 24% do cômputo nacional e 31% dos que votam no PT. Um ponto acima da média nacional de 30%. A comparação entre bolsonarista e petistas também indica que 23% dos eleitores da capital paulista respondem ser neutros, dois pontos percentuais acima do índice nacional, de 21%. O instituto nacional ressalta que metodologicamente os estudos nacionais e municipal são incomparáveis, mas sugere uma tendência.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) derrotou Bolsonaro em São Paulo, enquanto o ex-presidente venceu no estado. O resultado foi semelhante na disputa pelo governo paulista, com o candidato petista, Fernando Haddad (PT), vencedor na cidade, onde foi prefeito entre os anos de 2013 e 2016. A maioria petista também lança expectativas sobre a disputa à Prefeitura, em outubro. Uma vez que os dois principais candidatos marcam a polarização entre petismo e bolsonarismo, com o deputado federal Guilherme Boulos (Psol) como candidato do presidente, contra o atual prefeito Ricardo Nunes (MDB), que busca apoio de Bolsonaro.

Direita em São Paulo

O Datafolha aponta ainda que somado àqueles que se dizem de centro-direita e de centro esquerda, o contingente dos campos vai a 40% e 31%, respectivamente. Para entender esses vieses políticos, os pesquisadores propuseram aos entrevistados se posicionar numa escala que vai de 1, como o máximo de esquerda, e 7, o mais direitista. A nota média da cidade foi de 4,3, mais próxima do espectro da direita.

Em 10 anos, essa é a quarta medição do tipo na história do instituto. Em abril de 2003, um ano antes de a então prefeita Marta Suplicy (PT) ser derrotada na tentativa de reeleição, só 13% se diziam de esquerda. O número passou para 16% em agosto de 2006, sob a gestão de Gilberto Kassab (PSD). E ficou em 14% em abril de 2013, quando Haddad (PT) estava em seu primeiro ano de mandato.

Na última década, portanto, houve um avanço significativo dos eleitores que se dizem de esquerda, chegando ao patamar atual de 21%. O mesmo se repetiu com a direita em São Paulo: eram 20% em 2013. E, agora, são 28%. O mapeamento foi feito pelo Datafolha nos dias 27 e 28 de maio. A margem de erro é de três pontos para mais ou menos. Ao todo foram consultados 1.092 eleitores na capital paulista. A pesquisa está registrada sob o código 08145/2024 na Justiça Eleitoral.

Eleitores paulistanos

Ainda de acordo com o estudo, o eleitor mais direitista é o de Pablo Marçal (PRTB) e o de Kim Kataguiri (União Brasil), ambos com índice 5,2 na escala de 1 a 7. Ricardo Nunes trafega nesse campo da direita também, com seu eleitor marcando índice 5.

Mais próximos da média paulistana estão quem vota em José Luiz Datena (PSDB), com 4,5, e Marina Helena (Novo), com 4,1. No chamado centro está Tabata Amaral (PSB), marcando índice 4, enquanto o líder da corrida pela prefeitura empatado com o atual prefeito, Boulos, tem um eleitor de esquerda, com índice 3.

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(*) Com informações do jornal Folha de S. Paulo