Ex-presidente Fernando Henrique compara atuação de Serra em prévias à de Obama

Fernando Henrique minimizou problemas em torno da candidatura de José Serra para prefeitura de São Paulo (Foto: Renato Araujo/ABr) São Paulo – O ex-presidente da República Fernando Henrique Cardoso afirmou […]

Fernando Henrique minimizou problemas em torno da candidatura de José Serra para prefeitura de São Paulo (Foto: Renato Araujo/ABr)

São Paulo – O ex-presidente da República Fernando Henrique Cardoso afirmou que o sistema de prévias para escolha interna de candidatos passará a fazer parte do cotidiano do PSDB. Ele também negou desgaste do pré-candidato de seu partido à prefeitura da capital paulista, José Serra, durante as prévias de domingo (25) e comparou a atuação do tucano à do presidente norte-americano Barack Obama. “Você sabe quanto o Obama teve nos Estados Unidos na prévia? Trinta e poucos porcento e ganhou (a presidência)”, apontou durante entrevista coletiva ontem (28) em São Paulo. “Prévia, o importante é ganhar e na prévia do PSDB bastava ter maioria sobre os outros e ele teve maioria absoluta.”

Na avaliação de Fernando Henrique, Serra enfrentou candidatos de peso, como o secretário estadual de Energia de São Paulo, José Aníbal, e o deputado federal Ricardo Tripoli. “É natural que tenha disputa. Acho uma coisa boa e o Serra teve 52%”, ponderou.

Após afirmar, como havia feito em disputas anteriores, que não se lançaria à eleição paulistana, Serra decidiu em fevereiro ser o candidato da sigla. De imediato, os secretários estaduais de Cultura, Andrea Matarazzo, e de Meio Ambiente, Bruno Covas, abriram mão em prol do ex-governador, derrotado nas eleições presidenciais de 2010. Mas Aníbal e Tripoli decidiram seguir na disputa, o que forçou a cúpula do partido no estado a manter a consulta aos filiados. Durante reunião para definir o assunto, houve bate-boca entre integrantes do PSDB, que discordavam sobre a possibilidade de adiar as prévias, o que, por fim, ocorreu, diminuindo a chance de derrota de Serra. Ainda assim, o patamar obtido no domingo ficou bem abaixo da expectativa inicial do grupo do pré-candidato, que estimava chegar a até 80% da preferência dos filiados.

Passado o processo interno, Serra terá de vencer a rejeição do eleitorado, que, segundo as últimas sondagens, fica em torno de 30%. Em 2004, durante a campanha contra Marta Suplicy (PT), o então candidato firmou compromisso no qual garantia que não deixaria o cargo para se candidatar ao governo do estado, o que acabou por ocorrer dois anos depois. Questionado recentemente sobre o assunto, ele disse se tratar de um “papelzinho, que não vale nada”.

Após minimizar os problemas em torno da candidatura de Serra, Fernando Henrique aproveitou o assunto para criticar o PT, que indicou sem prévias internas Fernando Haddad, ex-ministro da Educação, para concorrer ao comando da capital paulista. “Eu lamentei que o PT, que nasceu com essa vocação, regrediu: passou a ser escolha de cunho pessoal”, citou.

Lula

FHC afirmou que soube na manhã de ontem (28) sobre a recuperação total do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Na terça-feira (27), ele visitou o petista no Hospital Sírio-Libanês, na capital paulista, onde conversaram sobre a saúde de Lula e as ações das fundações que cada um deles lidera – Instituto Fernando Henrique Cardoso e Instituto Lula. “Eu o encontrei com a vivacidade de sempre. Claro, abatido, perdeu muito peso, mas está com energia”, descreveu. Segundo FHC, eles não falaram sobre política.

Questionado sobre a influência de Lula nas articulações para as próximas eleições, o tucano expressou ter dúvidas sobre a disposição do ex-presidente para os embates municipais em todo o país. “A influência dele é grande, mas não sei qual a disposição dele, até que ponto vai.”

Exames feitos por Lula no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, divulgados na manhã de ontem mostraram o desaparecimento do tumor na laringe. De acordo com o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, “foi o dia mais feliz da vida dele. Agora está pronto novamente para a luta”.