Recado aos ruralistas

‘O problema deles conosco é ideológico, não é de dinheiro’, diz Lula sobre o agronegócio

Em entrevista a um grupo de rádios de Goiás, presidente voltou a criticar os juros e prometeu crescimento do PIB “acima de 2%, 2,5% e até um pouco mais”

Reprodução/TV BRasil
Reprodução/TV BRasil
Lula e o ministro da Casa Civil, Rui Costa, na “talvez última reunião ordinária antes da reunião no final do ano”

São Paulo – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) dirigiu-se ao agronegócio e afirmou que os ruralistas pagavam 2% de juros ao ano em máquinas colheitadeiras nos governos do PT. “Hoje eles pagam 14% ou 18%”, disse, em entrevista a um grupo de rádios do estado de Goiás, na manhã desta quinta-feira (15). “Eu tenho noção de que o problema deles conosco é ideológico, não é um problema de dinheiro”.

Lula também prometeu ao agronegócio um “bom plano safra” e acrescentou que é preciso “aumentar a capacidade produtiva sem desmatamento, sem queimada na Amazônia”. A entrevista foi às rádios Líder FM, Morada do Sol, Goiânia Sucesso e Rádio Interativa.

O presidente tem visita programada a Goiás nesta sexta-feira (16), quando vai inaugurar um trecho da ferrovia Norte-Sul no município de Rio Verde. O estado é um dos grandes redutos do agronegócio do país e é governado por Ronaldo Caiado, um dos principais líderes do setor.

O presidente voltou criticar os juros altos, dizendo que ouve muita crítica dos varejistas à taxa Selic a 13,75% com inflação a 4,5%. “Não tem nenhum sentido, não tem nenhuma explicação”, disse. Segundo ele, o PIB do país vai crescer bem acima do que prevê o mercado.

“Nós vamos crescer mais do que 0,9%. Nós vamos crescer acima de 2%, 2,5% e se acontecer o que eu estou pensando, a gente pode até crescer um pouco mais”, prevê o chefe de governo.

Reunião ministerial

Depois, em reunião ministerial iniciada às 10 horas, Lula disse que “talvez essa seja a última reunião ordinária que eu faça antes da reunião que a gente vai fazer no final do ano”. O encontro de hoje tinha “como pressuposto o segundo passo” do atual mandato, explicou. “Até agora nós estivemos tratando da organização do Ministério. Nós estávamos tratando da briga do orçamento, tentando recuperar parte de todas as políticas públicas que tinham sido desmontadas.”

Essa etapa “já está cumprida”, acrescentou, com a ressalva de que ainda falta o relançamento dos programas Luz Para Todos e Água Para Todos. Um pouco mais à frente no discurso, entretanto, o mandatário acrescentou que ainda é preciso lançar “um novo programa de desenvolvimento”, que segundo ele deve ser o PAC 3. “Está difícil encontrar um novo nome. Acho que vai ser PAC 3 mesmo.”

“No governo não haverá política de ministro”

Ele voltou a advertir os ministros contra individualidades para ressaltar que deseja um espírito coletivo e centralização na Casa Civil. “Vocês estão lembrados que na primeira reunião eu disse: ‘nesse governo não haverá política de ministro’. Isso é um governo, e as políticas todas serão do governo, por isso um ministro não pode apresentar uma proposta, começar a fazê-la sem discutir com a Casa Civil, sem transformar isso em uma política de governo”, advertiu.

Ele também mirou o eleitorado do Rio de Janeiro, onde o bolsonarismo é majoritário, e declarou que pretende criar uma faculdade de matemática no estado. “Acho que é um sonho que a gente vai realizar para essa meninada”, prometeu também. Não houve novidades sobre a ministra Daniela Carneiro até o fechamento desta matéria.

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