neste domingo

‘Cunha seria um adversário radical para Dilma’, diz Vannuchi sobre eleição na Câmara

Analista considera eventual vitória do candidato do PMDB para a presidência da casa uma 'gravíssima derrota' para o governo, logo nos início do mandato

Marcelo Camargo/ ABr

Dilma cortou ‘tentáculos’ de deputado em estatal, o que provocou graves ressentimentos

São Paulo – O analista político Paulo Vannuchi afirma que caso o deputado federal Eduardo Cunha (PMDB-RJ) vença a eleição para a presidência da Câmara, a ser realizada no próximo domingo (1º), a presidenta Dilma Rousseff terá de conviver com “um inimigo, um adversário radical e figadal” no terceiro cargo mais importante na linha sucessória da República.

“Eduardo Cunha começou a sua carreira política a convite de PC Farias, tesoureiro de campanha do ex-presidente Fernando Collor de Mello e morto em condições ultramisteriosas”, lembra Vannuchi, em comentário à Rádio Brasil Atual nesta terça-feira (27). Foi tesoureiro também do PRN, partido do presidente deposto. “Depois fez parte da direção da Telerj (estatal de telefonia do Rio de Janeiro), na fase em que a empresa foi sucateada para propiciar a privatização, a privataria que trouxe rios de dinheiro e fortunas para as pessoas envolvidas.”

Segundo Vannuchi, até 2003 Eduardo Cunha controlava nomeações para diretorias de Furnas, estatal do sistema elétrico. Dilma, então ministra de Minas e Energia, teria cortado tais “tentáculos” de Cunha na empresa, motivo para o acirramento na relação, que dura até hoje, entre a presidenta e o candidato, e desde então atua para criar problemas ao Executivo e aumentar seu poder de barganha.

O parlamentar, observa o colunista, coordenou a campanha de Aécio Neves no Rio de Janeiro em 2014. “É um conhecido apoiador financeiro de campanhas. Vem daí a fidelidade de um grande número de deputados que foram ajudados por ele no esforço de arrecadação de recursos para a eleição passada.”

Cunha conta também com a “simpatia” dos principais veículos da grande imprensa, assinala Vannuchi. Ele vê uma reviravolta no comportamento da mídia, que durante todo o ano passado tratou vazamentos de denúncias não comprovadas como se fossem verdades inquestionáveis, conforme o estrago que pudessem causar em pessoas próximas ao PT. “Quando do envolvimento do nome de Cunha e do ex-governador de Minas Gerais e atual senador, Antonio Anastasia (PSDB-MG), os editoriais se apressaram em dizer que esse tipo de vazamento é inaceitável, suspeito.”

O colunista afirma que não se nota uma articulação do governo, do PT e dos partidos da base para impedir o que pode se confirmar como uma gravíssima derrota da presidenta Dilma logo no início do seu segundo mandato.

Ouça o comentário completo da Rádio Brasil Atual: