Datafolha

Manifestações derrubam aprovação de governantes em três semanas

Pesquisas do Datafolha mostram queda na popularidade de governantes de todos os níveis e cores partidárias após as mobilizações

Danilo Ramos/RBA

Manifestações que começaram por preços do transporte público ganhou outras causas e abalou aprovação popular de governantes

São Paulo – Pesquisas do Datafolha divulgadas neste fim de semana confirmam a mudança de humor do eleitorado brasileiro em relação ao mundo político. Os dados mostram queda, em graus variados, na avaliação positiva de governantes de todos os níveis e cores partidárias.

A presidenta Dilma Rousseff (PT) viu sua popularidade cair 27 pontos em três semanas, de acordo com pesquisa do Datafolha encerrada na última sexta-feira, 28 de junho. O número de entrevistados que consideram seu governo como bom ou ótimo caiu de 57% na primeira semana de junho para 30% após as semanas de protestos que têm varrido o país. O índice de ruim e péssimo subiu de 9% para 25%, enquanto o de regular subiu para 43%. Com isso, a presidenta mantém um saldo positivo em sua avaliação, mesmo com a queda brusca.

Dilma, porém, não foi a única a receber más notícias das pesquisas de opinião. Os governadores de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), e do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB), também viram cair sua aprovação, bem como os prefeitos das capitais paulista, Fernando Haddad (PT), e fluminense, Eduardo Paes (PMDB).

Em São Paulo, a aprovação de Geraldo Alckmin caiu 14 pontos, de 52% em 7 de junho para 38% na pesquisa finalizada na sexta-feira. A média de Alckmin, no entanto, permanece positiva, com 20% de ruim e péssimo e 40% de regular.

Fernando Haddad sofreu queda de 16 pontos, indo de 34% para 18%, e a soma dos resultados ruim e péssimo subiu de 21% para 40%. Há três semanas, o petista ostentava a melhor avaliação de um prefeito de São Paulo desde a redemocratização.

No Rio de Janeiro, o governador Sérgio Cabral teve queda mais acentuada, mas em período maior. Depois de ter registrado sua melhor avaliação em novembro, com 55% de ótimo e bom, Cabral viu estes índices caírem 30 pontos, para 25% na sexta-feira. O cenário é mais preocupante porque o número de avaliações negativas subiu para 36%, ultrapassando os positivos.

O prefeito carioca Eduardo Paes também viu a reversão de sua avaliação na pesquisa de sexta. Seu número de ótimo e bom caiu de 50% registrados em agosto de 2012 para 30%, enquanto o total de ruim e péssimo subiu de 12% para 33%.

Eleições 2014

O instituto ouviu também a população sobre as intenções de voto para as eleições de 2014, com notícias negativas especialmente para Dilma. A presidenta registrou queda brusca de suas intenções de voto nos dois cenários em que é citada como candidata, sendo a primeira vez em que as pesquisas apontam que a eleição irá para segundo turno.

No cenário que hoje parece ser mais provável, Dilma caiu de 51% para 30%. A maior beneficiada pela mudança foi Marina Silva (Rede), que subiu de 16% para 23%, seguida por Aécio Neves (PSDB), que cresceu de 14% para 16%. Eduardo Campos (PSB) oscilou positivamente 1 ponto, de 6% para 7%.

O segundo cenário inclui a candidatura do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Joaquim Barbosa. Ele registra 15% de intenções de voto, empatado com Aécio e atrás de Marina (18%) e Dilma (29%).

O Datafolha incluiu também dois cenários em que Dilma é substituída pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva como candidato do PT. Lula também registrou queda, de 55% nos dois cenários para 46% no cenário mais provável e 45% com Joaquim Barbosa. Nos dois casos, o ex-presidente ganharia no primeiro turno, o que pode reforçar movimentos de insatisfeitos no PT e na base aliada do governo pela mudança de candidato.

Alckmin e Cabral também caem

O Datafolha perguntou também sobre as intenções de voto para governador nas eleições do ano que vem. Geraldo Alckmin, que provavelmente disputará a reeleição, caiu em todos os cenários propostos, mas mantém sempre o primeiro lugar. O instituto testou o nome de quatro possíveis candidatos petistas: os ministros da Saúde, Alexandre Padilha, da Educação, Aloizio Mercadante, e da Justiça, José Eduardo Cardozo, e o ex-presidente Lula.

O pior resultado do tucano é contra Lula, quando marca 34% de intenções contra 22% do ex-presidente – é a única combinação em que a eleição teria dois turnos. Entre os candidatos petistas além de Lula, o único a alcançar dois dígitos, com 10%, é Mercadante, que já foi candidato ao governo duas vezes e eleito senador pelo estado. Padilha fica com 4%, e Cardozo, com 5%.

Excluído Lula, o presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf (PMDB), aparece como o mais forte adversário de Alckmin. Sua melhor marca é de 19%, quando o candidato petista é Padilha, e a pior 17%, contra Lula. Os cenários incluíram também o ex-prefeito Gilberto Kassab (PSD), que marcou entre 5% e 7%.

A pesquisa investigou também as intenções de voto para o governo do Rio de Janeiro. No primeiro cenário o senador Lindbergh Farias (PT) aparece na frente, com 17%, seguido de perto por Cesar Maia (DEM) e Anthony Garotinho (PR), ambos com 15%. O candidato de Sérgio Cabral, o vice-governador Luiz Fernando Pezão (PMDB), aparece com 8%, empatado com o deputado federal Romário (PSB). Por fim, aparece Miro Teixeira (PDT), com 6%.

No segundo cenário, sem a candidatura de Lindbergh, Maia e Garotinho aparecem empatados em primeiro, com 20%. Pezão vem em seguida, com 12%, e Miro Teixeira continua na lanterna, com 9%.

Reforma política tem apoio

A proposta defendida pela presidenta Dilma de um plebiscito para decidir sobre a criação de uma assembleia constituinte específica para a realização da reforma política foi bem aceita pela população. Segundo o Datafolha, 68% dos entrevistados concordam com a proposta de plebiscito. Além disso, 73% aprovam a ideia de uma constituinte para discutir o tema, a despeito do plebiscito.