Independência ou golpe?

PF indicia Sérgio Reis e Zé Trovão por atos antidemocráticos em 2021

No 7 de setembro de 2021, quando Bolsonaro chamou Moraes de “canalha”, grupo de bolsonaristas ameaçava “parar o país” e destituir os ministros do STF

Zé Trovão e Sergio Reis podem pegar até 9 anos de prisão por ameaçarem as instituições

São Paulo – A Polícia Federal (PF) indiciou o deputado federal Marcos Antônio Pereira Gomes, conhecido como Zé Trovão (PL-SC), o cantor Sérgio Reis e outras onze pessoas pela organização de atos antidemocráticos no 7 de Setembro do ano de 2021. Na ocasião, os bolsonaristas articulados defenderam o fechamento de estradas e o impeachment de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).

Eles responderão pelos delitos de incitação ao crime, associação criminosa e por tentar impedir o livre exercício dos Três Poderes. Se condenados, as penas somadas podem chegar a mais de 9 anos de prisão. 

Na preparação dos atos golpistas, Sérgio Reis chegou a exigir a aprovação do voto impresso e a destituição de todos os ministros do STF. Além disso, grupo ameaça “parar o país”, caso suas exigências não fossem acatadas.

“Eles vão receber um documento assim: ‘vocês têm 72 horas para aprovar o voto impresso e para tirar todos os ministros do STF’. Não é um pedido, é uma ordem”, afirmou o artista por meio de uma mensagem de áudio vazada. Ao mesmo tempo, Zé Trovão convocava caminhoneiros a ocupar a Praça dos Três Poderes em Brasília.

Ainda em 2021, a Procuradoria-Geral da República (PGR) determinou a abertura de inquérito para investigar as ameaças golpistas. Posteriormente, Zé Trovão foi alvo de prisão e chegou a ficar mais de um mês foragido da polícia.

Entre os indicados, estão também o ex-presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Soja e Milho (Aprosoja) Antônio Galvan, e o jornalista Oswaldo Eustáquio. No caso deles, no entanto, pesam apenas as acusações por incitação ao crime e associação criminosa.

Escalada contra a democracia

Assim, com a preparação dos atos antidemocráticos, o 7 de setembro daquele ano marcou a escalada contra a instituições, por parte dos bolsonaristas. Naquele dia, em Brasília, o então presidente Jair Bolsonaro (PL) tentou acuar até mesmo o presidente do STF, comandado pelo ministro Luiz Fux na época. Ele exigia que Fux “enquadrasse” o também ministro Alexandre de Moraes, a quem acusava de cometer supostos excessos e ilegalidades. “Ou o chefe desse Poder enquadra os seus ou esse Poder pode sofrer aquilo que não queremos”, ameaçou Bolsonaro.

Durante a tarde, Bolsonaro discursou na Avenida Paulista, em São Paulo, disparando novos ataques ao STF. Chamou Moraes de “canalha”, levantou dúvidas sobre o sistema eleitoral, e anunciou que não mais cumpriria decisões da Suprema Corte. “Sai, Alexandre de Moraes. Deixa de ser canalha. Deixa de oprimir o povo brasileiro, deixa de censurar o seu povo”, esbravejou. Assim,