Desafios do polo

Maior companhia petroquímica das Américas e a oitava do mundo, Quattor gera preocupações no polo do ABC

“Polo petroquímico do ABC precisava ter duplicada sua capacidade de produção”, diz Paulo Lage. Foto: Dino Santos/Divulgação SQABC

Uma notícia agitou a economia do ABC logo no início de 2010: a Unipar, controladora da petroquímica Quattor, anunciava um acordo para a venda do controle para a Braskem. Pela operação, após acordo com as sócias Odebrecht e a Petrobras, a Unipar vendeu a fatia de 60% que detinha na Braskem. Isso criou a maior companhia petroquímica das Américas e a oitava do mundo. O valor chegou a R$ 870 milhões. Essa incorporação, embora possa ter aspectos positivos do ponto de vista econômico, é vista com preocupação pelo presidente do Sindicato dos Químicos do ABC, Paulo Lage.

O principal receio é de que o monopólio – aliado à criação de outros dois polos, no Rio de Janeiro e em Pernambuco – afete os investimentos no ABC. “O polo precisava ter duplicada a sua capacidade de produção”, diz Lage, para quem o atual governo federal, diferentemente do anterior, é aberto ao debate. Trata-se de um setor estratégico da economia. Segundo o dirigente, a arrecadação do polo corresponde a aproximadamente 70% do ICMS de Mauá e 35% de Santo André.

O pólo se originou em 1954, com a inauguração da Refinaria União, em Capuava, na divisa entre Santo André e Mauá. Na época, era a maior do país. Em 1966, surge a Petroquímica União (PQU), privatizada em 1994, hoje controlada justamente pela Quattor. O pólo reúne 14 empresas produtoras de matérias-primas para a fabricação de resinas, borrachas, tintas e plásticos. “De uma forma geral, toda cadeia produtiva tem como princípio o setor petroquímico”, observa Lage, que 30 anos atrás, aos 14 anos, trabalhava no comércio em São Bernardo, com seu primeiro registro em carteira. “Vira e mexe, vinha a notícia de que era para fechar a porta (da loja), porque a passeata (dos metalúrgicos) estava vindo”, lembra o sindicalista, que foi metalúrgico durante oito meses e está desde 1987 na categoria química. Lage já sugeriu, em 2009, que a região comece a estudar as perspectivas e possíveis impactos, para o ABC, da exploração do pré-sal.