Por uma história sem mentiras

E mais: direitos humanos, Bróder, Vietnã, vodus no Haiti e poetas castelhanos

Autores e atores, Carolina e Alexandre: surpresas do passado (foto: © divulgação)

A peça Filha da Anistia começou a ser exibida em março de 2010 em São Paulo, seguiu este ano para Fortaleza, Recife, Porto Alegre e Rio de Janeiro e desembarca em novembro em Brasília e, em dezembro, em Salvador. Trata-se da história de Clara, uma jovem advogada que sai em busca do pai que não conheceu e acaba descobrindo um passado de mentiras forjado na ditadura militar.

Usando como metáfora dos desencontros de uma família destruída, o texto de Carolina Rodrigues e Alexandre Piccini provoca no espectador uma reflexão sobre o que ocorreu nos “anos de chumbo”. Mas, ao contrário do que se pode imaginar, o passado nessa obra é apresentado como um período de otimismo e idealismo e é o presente que se mostra obscuro e incoerente.

O espetáculo da Caros Amigos Cia. de Teatro, da Cooperativa Paulista de Teatro, faz parte da Caravana da Anistia, criada em 2008 pela Comissão de Anistia do Ministério da Justiça (MJ). Tem apoio da Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo, do Projeto Marcas da Memória, da Comissão de Anistia do MJ e da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República. A curadoria é do Núcleo de Preservação de Memória Política.

A obra colabora para o debate sobre a Comissão da Verdade, aprovada em meados de setembro pela Câmara e à espera de votação no Senado. Para os autores, Filha da Anistia ajuda na promoção da compreensão da história. “Nosso principal objetivo é contribuir de uma maneira artística para que o Brasil avance na consolidação do respeito aos direitos humanos, sem medo de conhecer e reconhecer a sua história presente”, afirma Alexandre.

Para acompanhar a programação, datas e locais onde a peça será exibida, visite o blog www.filhadaanistia.blogspot.com.

Francês em Curitiba

Mulher enfrenta soldados no Vietnã (foto: © Marc Riboud)A foto de uma mulher enfrentando, com uma flor, soldados com baionetas durante um protesto contra a Guerra do Vietnã, em Washington, foi uma das imagens mais famosas de Marc Riboud. Essa e outras 60 podem ser vistas no Museu Oscar Niemeyer (MON), em Curitiba, na exposição que leva o nome do fotógrafo da famosa Agência Magnum, onde trabalhou ao lado de mestres do fotojornalismo como Henri Cartier-Bresson e Robert Capa. De terça a domingo, das 10h às 18h. Rua Marechal Hermes, 999, Centro Cívico. R$ 4 e R$ 2.

É mano!

Filme Bróder, de Jeferson De (foto: © divulgação)Jaiminho (Jonathan Haaegensen), Pibe (Sílvio Guindane) e Macu (Caio Blat) são amigos de infância, mas cada um trilhou um caminho diferente. O primeiro é jogador de futebol, o outro tem de trabalhar duro pra sustentar a família e o terceiro flerta com o mundo do crime. O reencontro dos três acontece porque Sonia (Cássia Kiss) organiza uma festa-surpresa para seu filho, Macu, o único que ainda mora no Capão Redondo. O filme Bróder, de Jeferson De (capa da edição 53 da Revista do Brasil), chama a atenção por tratar de “temáticas da periferia” sem ser piegas. Atenção para a homenagem a Mano Brown, conselheiro do longa, com a música Fim de Semana no Parque. Em DVD.

Grito social

Direitos Humanos, Imagens do Brasil (ilustração: © divulgação)Depois de passar por seis capitais, a exposição Direitos Humanos, Imagens do Brasil chega a São Paulo e fica em cartaz até 25 de novembro, na Caixa Cultural. A mostra apresenta 60 imagens (registros fotográficos e jornalísticos) que abordam a reivindicação dos direitos humanos no Brasil, desde a escravidão, passando pela ditadura militar e movimentos contra a repressão. Com curadoria de Denise Carvalho e textos do historiador e jornalista Gilberto Maringoni. De terça a domingo, das 9h às 21h, na Praça da Sé, 111, Centro. Grátis.

De volta ao Haiti

País sem Chapéu, de Dany LaferrièreDany Laferrière nasceu em Porto Príncipe, no Haiti, em 1953 e, em 1976, exilou-se em Montreal, no  Canadá, para fugir da ditadura de Jean-Claude “Baby Doc” Duvalier, presidente do país de 1971 a 1986. Em País sem Chapéu (Editora 34), seu primeiro livro em português, Dany conta como foi a experiência de retornar à sua cidade 20 anos depois. Cores, gostos, cheiros, reencontros, reconhecimentos e estranhamentos são descritos com força ímpar. O autor alterna entre a terra real e a sonhada e é convidado a conhecer o país onde ninguém entra com chapéu: o reino dos mortos e dos deuses do vodu. R$ 33, em média.

 

Hermanos

 Poetas da América de Canto Castelhano, de Thiago de MelloA antologia Poetas da América de Canto Castelhano (Global Editora, 490 páginas) é o resultado de mais de 20 anos de intimidade de Thiago de Mello com a poesia de latino-americanos. São 400 poemas de 120 autores, entre eles Jorge Luis Borges, Pablo Neruda, Violeta Parra, José Martí, Mario Benedetti, Cesar Vallejo, Rubén Darío, Gabriela Mistral, Nicolas Guillén, José Asunción Silva, Ernesto Cardenal. Do alto de seus 85 anos, o poeta da floresta – ele vive no interior do Amazonas – deu ao leitor esse presente que, em suas palavras, “só não virou lenda porque eu não deixei”. R$ 79.