Receita de país desenvolvido

O país cresceu, a distribuição de renda começou a se tornar menos injusta. Mas ainda há muito a fazer

A economia cresceu. Os bancos lucram como nunca. Está na hora de dividir melhor o bolo (Antônio Milena/ABr)

Um ministro dos tempos da ditadura, Delfim Netto, hoje tido como oráculo, dizia que era preciso esperar crescer o bolo para só então dividi-lo. O país chegou a crescer a níveis de fazer a inveja à China atual, mas o bolo foi comido por poucos. A maioria da população, historicamente, ficou à margem, desprovida de direitos e dignidade.

Em período mais recente, as ações do Estado voltaram-se para a parte de baixo da pirâmide. Milhões saíram da pobreza e passaram a integrar o que se convencionou chamar de nova classe média, entrando para o mercado de consumo. O país cresceu, a distribuição de renda começou a se tornar menos injusta. Mas ainda há muito a fazer – mais que consumidores, as pessoas precisam ser cidadãs, conscientes da sociedade em que vivem e preocupadas em tornar melhor a vida de todos.

Esta edição fala em ideias que surgem para fazer com que o dia a dia nos grandes centros seja mais humano. Em gente que está em busca de alternativas contra o caos das metrópoles, onde tantas vezes perdemos a humanidade e nos tornamos bestas-feras no trânsito. Ideias que também se espalham no campo, como novas sementes, oferecendo produtos livres de agrotóxicos, para que a alimentação do brasileiro seja mais saudável.

Desenvolvimento também pressupõe civilização, que exige a convivência respeitosa com o próximo. Inclusive com quem vem de fora. Nesse sentido, conforme se verá em algumas páginas, a maior cidade do Brasil ainda tem alguma coisa a aprender.

E espera-se igualmente alguma civilidade nos juros que ainda estorvam a vida de quem precisa de crédito e vai buscar algum recurso extra nas instituições financeiras tradicionais. Alguma coisa parece começar a mudar, para melhor.

Por falar em evolução, a Justiça Eleitoral decidiu multar a Revista do Brasil, que teria cometido infração eleitoral, segundo a magistrada responsável pelo processo. A ação foi movida por um candidato derrotado à Presidência da República – o que não deixa de ser censura. Um país desenvolvido também deveria permitir a livre circulação de ideias. 

 

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