Editorial

Ainda o projeto de país

Paulo Pepe Daibert, 26 anos: planos interrompidos porque a GM de São José dos Campos resolveu demitir As demissões em massa realizadas por grandes corporações tornaram-se assunto nacional. Desde a […]

Paulo Pepe

Daibert, 26 anos: planos interrompidos porque a GM de São José dos Campos resolveu demitir

As demissões em massa realizadas por grandes corporações tornaram-se assunto nacional. Desde a redemocratização do país e em diferentes políticas econômicas, demissão de trabalhador era assunto da família do demitido e do sindicato. Vez ou outra, de algum partido ou parlamentar. Demissão merecia uma nota perdida nas páginas de economia dos jornais, mais perto das páginas policiais e bem longe de política. Mais uma vez, os sindicatos foram os primeiros a gritar que, sob o argumento da crise financeira, as empresas iniciaram um processo descabido de demissões. O próprio presidente Lula cobrou publicamente mais responsabilidade das empresas.

É muito grave o resultado dessas demissões. Para os empresários, as justificativas são simples: a crise chegou ao Brasil, com restrição do crédito, redução da movimentação econômica em todos os cantos do mundo, com menos encomendas e vendas, mercadorias paradas, serviços não realizados e, em tese, excesso de trabalhadores. A solução escolhida, porém – colocá-los na rua – pode ser um tiro a sair pela culatra, agravando o desaquecimento da economia. Já a velha mídia comercial tenta quebrar a autoestima dos trabalhadores e preparar um terreno contaminado para o ambiente eleitoral que se aproxima.

A palavra crise faz aumentar o estoque de maldades, pois várias empresas propõem redução de salários e alguns economistas propõem a suspensão no contrato de trabalho. Até ramos econômicos imunes à recessão, como bancos e empresas de energia, aproveitaram a onda para demitir. Mas depois de ostentar recordes sucessivos de faturamento, vendas e rentabilidade nos últimos anos, alguns atores econômicos tomam o cenário atual, e não a gordura acumulada, para pautar suas pretensões futuras. Muitos analistas acreditam que as empresas têm total capacidade para segurar seus empregados. Chega-se a um momento em que a chamada opinião pública e seus setores mais organizados precisam entrar em cena de maneira mais ostensiva. Em defesa dos empregos de hoje e dos projetos de país justo e sustentável que se vem buscando construir.