retrato

Literalmente sertanejo

Amantes e estudiosos da obra de João Guimarães Rosa têm dois destinos certos quando chegam a Cordisburgo, terra do escritor no interior de Minas Gerais. Um é o Museu Guimarães […]

Amantes e estudiosos da obra de João Guimarães Rosa têm dois destinos certos quando chegam a Cordisburgo, terra do escritor no interior de Minas Gerais. Um é o Museu Guimarães Rosa. O outro é a loja de José Osvaldo dos Santos, o Brasinha, comerciante de 55 anos e um dos maiores conhecedores do universo de seu conterrâneo. Difícil é encontrá-lo na loja. O sujeito vive se enveredando pelos caminhos e histórias do ilustre mineiro. Ele mesmo conta que ganhou o apelido porque desde menino não parava quieto. “Quando estava na sala de aula, viviam me perguntando se tinha brasa embaixo da carteira, aí pegou.” Hoje Brasinha se dedica à Associação dos Amigos do Museu, ao grupo Contadores de Estórias Miguilim, formado por meninos de Cordisburgo, e é um dos organizadores da Semana Roseana, evento anual que movimenta a cidade. Nas horas vagas, é guia de cineastas, jornalistas, escritores, pesquisadores e curiosos que desejem adentrar o sertão de Rosa.

Foi amigo de Manuelzão, vaqueiro personagem do livro Manuelzão e Miguilim, de seu Zito, de Bindóia, de Tião Leite e de muitos outros que inspiraram o famoso cordisburguense em suas narrativas. Delas Brasinha conhece cada palavra. Longe de academicismos, já rodou muito, sempre em busca do mundo imortalizado por Rosa, embora insista em repetir uma famosa frase dita por Riobaldo Tatarana, personagem principal de Grande Sertão: Veredas: “Sertão: é dentro da gente”.

A Semana Roseana ocorre de 20 a 27 de julho, com mesas-redondas, apresentações artísticas, oficinas e muita contação de história. Este ano não será destacada uma obra específica. O tema central serão as várias linguagens artísticas (teatro, dança, fotografia, cinema e música) que tiveram Guimarães Rosa como fonte de inspiração.