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Vingança e espetáculo

Veículos de comunicação oportunistas e políticos com autoridade abalada pelo aumento da violência dão ao debate da maioridade penal um tom de vingança e espetáculo. Não é por aí que se constrói a paz

TVT/Reprodução

Marisa Deppman, mãe do estudante Vitor Hugo, assassinado em abril, participou do programa, junto com os advogados Flávio Cardoso e Tatiana Cardoso e o juiz federal Ricardo Rezende. O Melhor e Mais Justo vai ao ar às quintas-feiras, às 19h30

A morte – nua, crua e cruel –, quase em tempo real, chega às redações jornalísticas, sobe aos satélites, invade as casas e ganha o mundo via web. Imagens chocantes, que se repetem exaustivamente. Nelas, dois jovens protagonistas. Um, o estudante Victor, o outro, um menor tirando-lhe a vida. Vozes ecoam por uma justiça-vingança: sociedade, amigos, ilustres desconhecidos, cidadãos-juízes e, como não poderia deixar de ser, autoridades.

Como essas convulsões sociais incomodam, põem em xeque a capacidade das autoridades e das políticas públicas, precisam ser respondidas rapidamente – e respondidas não quer dizer resolvidas. Convoca-se uma entrevista coletiva: delegados, juízes, psicólogos e tantos outros têm os holofotes a explicar como esses fenômenos aconteceram e por que continuam acontecendo.

Para as autoridades, esse tipo de situação pede voz empostada ou embargada; palavras duras que reponham a autoridade abalada pelo aumento da criminalidade. Surgem soluções mágicas para acabar, da noite para o dia, com a praga da violência. A solução do momento é resgatar a velha proposta de redução da idade penal de 18 para 16 anos. Alguns, mais exaltados, acreditam até que poderia ser para 14, ou menos. Algumas autoridades e especialistas dizem que todos concordam com a proposta. Todos quem, cara-pálida? Há quem concorde, há quem discorde e – mais ainda – há uma maioria mal informada, já que o que deveria ser informação e reflexão é transformado por certos políticos e certos meios de comunicação em espetáculo.

O sistema carcerário está superlotado e sua lógica está falida, bem como as políticas socioeducativas para menores infratores, não aplicadas adequadamente. O que fazer? Diante da escalada de violência e crimes envolvendo menores de idade, várias perguntas continuam sem resposta: como o Estado deve encaminhar os casos de menores em conflito com a lei? Como fazer cumprir o Estatuto da Criança e do Adolescente? Como fazer funcionar a Fundação Casa ou criar alternativas a ela?

 

Programação premiada

Centro Cultural AfricanoValter Sanches e Otunba Adekunle
O diretor da TVT, Valter Sanches, recebe o troféu Mama África do presidente do Centro Cultural Africano, Otunba Adekunle, nigeriano naturalizado brasileiro

A TVT, primeira concessão de televisão a uma entidade de trabalhadores, o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, recebeu em maio o Prêmio África Brasil 2013, promovido pelo Centro Cultural Africano, organização criada em 1999 com o objetivo de fortalecer o intercâmbio entre o Brasil e a África e de valorizar tradições culturais africanas e afrodescendentes no país. O prêmio homenageia personalidades, empresas e governos que se destacam em ações que contribuem para a inclusão social dos afrodescendentes. E destaca experiências aplicadas na promoção da cidadania. A TVT foi reconhecida pelo conjunto de sua programação.