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Dominguinhos, mulheres amantes e uma bienal imperdível

Aos 6 anos, José Domingos de Morais ganhou a primeira sanfona do pai, o mestre Chicão. Aos 8, já se apresentava com dois dos 15 irmãos, Morais e Valdomiro, em […]

Aos 6 anos, José Domingos de Morais ganhou a primeira sanfona do pai, o mestre Chicão. Aos 8, já se apresentava com dois dos 15 irmãos, Morais e Valdomiro, em feiras livres e portas de hotel de Garanhuns (PE), onde nasceu em fevereiro de 1941. Um dia, Os Três Pinguins foram convidados para tocar dentro do hotel onde estava Luiz Gonzaga. O Rei do Baião, impressionado, convidou o menino para ir ao Rio de Janeiro. Em 1954, depois de 11 horas em um pau de arara, o então Neném do Acordeon ficava pela segunda vez frente a frente com Gonzagão.

Não demorou para começar a se apresentar em bares e casas noturnas cariocas, até se tornar Dominguinhos, nome dado por Luiz Gonzaga, com quem gravou, em 1957, Moça de Feira. “O menino chegou de um ambiente diferente e começou a viver num mundo glamourizado. Mas foi sempre na dele, sempre com esse jeitão sertanejo”, diz Gilberto Gil no primeiro episódio da web série +Dominguinhos, exibida semanalmente, às quartas-feiras, de 26 de fevereiro a 16 de abril, no canal http://youtube.com/dominguinhos e no http://facebook.com/dominguinhomais.

A riqueza dessa história levou os músicos Mariana Aydar, Duani e Eduardo Nazarian a se associar à produtora bigBonsai para pesquisar e promover encontros entre o sanfoneiro e parceiros, antigos e jovens. Dos encontros gravados nos últimos três anos nasceram a web série e o documentário Dominguinhos. Cada um dos oito episódios de +Dominguinhos tem cerca de cinco minutos, em que parceiros como Gil, João Donato, Elba Ramalho, Hermeto Pascoal, Djavan, Lenine, entre outros, tocam e contam histórias vividas nos palcos da vida.

Em uma delas, Gil lembra do tour do álbum Refazenda (1975), em que viajaram juntos mais de 20 mil quilômetros. Em certo momento, Dominguinhos pergunta: “Isso é reggae, é?”. Quando o amigo responde que sim, ele rebate: “Que reggae nada, isso aí é um xotezinho sem-vergonha”. Os minidocs serão acompanhados de apresentações de 16 canções interpretadas por ele e seus parceiros.

Já o documentário Dominguinhos traz o músico narrando sua trajetória por meio de imagens de arquivo. O início da carreira, a viagem e a chegada ao Rio de Janeiro, a primeira sanfona, seus casamentos e suas parcerias são alguns dos assuntos revividos no longa-metragem dirigido por Eduardo Nazarian, Mariana Aydar e Joaquim Castro, com cenas e relatos que não estarão na série, com estreia em circuito nacional agora em abril. Os diretores se aprofundaram nos arquivos e encontraram fonogramas raros e imagens inéditas que, sob a narração serena de Dominguinhos, resgatam sua vida e a sua importância na música popular brasileira. Mariana Aydar resume: “Assim era Dominguinhos. Grande, muito grande. Simples, muito simples”.

Entre mulheres

Azul é a Cor Mais QuenteDois filmes com lentes em relação entre mulheres e perda amorosa estão chegando às locadoras. O brasileiro Flores Raras, de Bruno Barreto, baseado no livro Flores Raras e Banalíssimas (de Carmem L. de Oliveira), traz o affair entre a poeta norte-americana Elizabeth Bishop (Miranda Otto) e a arquiteta brasileira Lota de Macedo Soares (Glória Pires).

Azul é a Cor Mais Quente, produção francesa dirigida pelo tunisiano Abdellatif Kechiche, mostra o despertar sexual de Adèle (Adèle Exarchopoulos), garota de 17 anos que descobre sua primeira paixão na cor dos cabelos de Emma (Léa Seydoux). Enquanto o brasileiro tem classificação de 14 anos, o francês é indicado para acima de 18, devido às (longas) cenas de sexo. O filme de Kechiche é de descobertas da juventude e o sexo é apenas o pano de fundo para algo bem mais complexo. Em DVD.

Navalha na carne

Juçara MarçalJuçara Marçal tem mais de 20 anos de carreira. Começou com o grupo vocal Vésper, passou por A Barca, fez uma incursão pelas tradições afro com Kiko Dinucci, com quem integra o Metá-Metá, ao lado de Thiago França.

O álbum independente Encarnado, sua estreia solo, surpreende pela contundência com que trata a aspereza do tema morte. Entre as 12 faixas, Juçara reúne inéditas e regravações de compositores como Dinucci, Campos França, Romulo Fróes, Douglas Germano, Siba, Tom Zé e Itamar Assumpção. Destaque para Damião, em que incita a vingança pela morte do cearense, em 1999, por espancamento numa casa de repouso. Enquanto o CD não chega, o álbum pode ser baixado de graça no site jucaramarcal.com.

Bienal em Brasília

Ariano Suassuna tem presença confirmadaA 2ª Bienal Brasil do Livro e da Leitura, de 12 a 21 de abril, debate a crise em âmbito político, econômico e cultural no mundo, as mulheres na literatura e traz seminários e mostra de cinema sobre os 50 anos do golpe. Essa edição homenageia o uruguaio Eduardo Galeano, autor de As Veias Abertas da América Latina e da trilogia Memória do Fogo, e Ariano Suassuna, de O Auto da Compadecida e A Pedra do Reino, ambos com presença confirmada no evento. Uma estrutura de quase 17 mil metros quadrados será montada na Esplanada dos Ministérios e ficará aberta das 10h às 22h. Grátis.

Onde jacaré é rei

O Sesc Interlagos, em São Paulo, virou um reino mágico, um cenário fantástico que apresenta o imaginário de 156 contos escritos pelos irmãos Grimm entre 1812 e 1815. A exposição Grimm Agreste mistura o universo alemão e a brasilidade ao desbravar os Contos Maravilhosos Infantis e Domésticos dos irmãos Jacob e Wilhelm. O percurso se espalha por áreas internas e externas da unidade, com instalações interativas. Na parte interna estão expostas matrizes de xilogravuras criadas pelo artista nordestino José Francisco Borges. De quarta a domingo e feriados, das 10h às 16h30. Avenida Manuel Alves Soares, 1.100, Parque Colonial, (11) 5662-9500. A mostra também pode ser visitada virtualmente, em sescsp.org.br/grimmagreste.