Um sucesso do ano

O dia em que Gustavo deu aula de cidadania contra o racismo

Aluno do ensino fundamental ganhou as redes sociais com um dos depoimentos mais didáticos e contundentes sobre a importância da educação e da história de seus antepassados

Reprodução

“Eu gosto de aprender sempre pra mostrar pra pessoa como é ser negro e mudar o ponto de vista da pessoa sobre como você se vê. E não pra deixá-la no chão”

Se alguém ainda não entendeu a importância da lei que prevê a obrigatoriedade da temática “História e Cultura Afro-Brasileira” no currículo das escolas do país, atenção à explicação de Gustavo Gomes da Silva: “Mesmo que os contos africanos não tenham moral, como as fábulas, há uma moral que você toma pra você, como ser humilde, aprender a ser forte, respeitar os outros, aprender que ninguém vive sozinho, que ninguém pode viver isolado mas estar em conjunto para combater o preconceito, a fome. Porque tudo nesse mundo cria um debate, vai ter sempre alguém que vai ser racista, com opinião diferente. Eu gosto de aprender sempre pra mostrar pra pessoa como é ser negro e mudar o ponto de vista da pessoa sobre como você se vê. E não pra deixá-la no chão”. O video fez um sucesso estrondoso nas redes sociais.

A opinião consciente, madura e articulada podia bem ser de um pedogogo experiente ou um militante do movimento negro. Mas é de Gustavo, um estudante de ensino fundamental, de apenas 10 anos. O depoimento foi colhido pela repórter Michelle Gomes para o programa, da TVT, em matéria sobre o “leituraço” de contos afro-brasileiros promovido na rede municipal de ensino da cidade de São Paulo na primeira quinzena de novembro.

A reportagem foi exibida no noticioso Seu Jornal, que vai ao ar diariamente às 19h. A atividade marcou o projeto da Secretaria Municipal de Educação para ampliar a discussão e reflexão na sociedade a respeito das raízes dos brasileiros de origem africana no mês dedicado à consciência negra em alguns municípios. O projeto envolveu 800 mil alunos de 1.462 escolas de educação infantil e de ensino fundamental e médio em atividades de leitura e debate de obras africanas e afro-brasileiras.

Sancionada pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ainda em 2003, a Lei 10.639 prevê a obrigatoriedade do ensino da história e da cultura afro-brasileira no currículo das escolas do país. No entanto, ainda não saiu totalmente do papel. Quando finalmente sair, opiniões como a de Gustavo certamente se tornarão mais presentes entre crianças e adultos brasileiros.