Arte em memória à barbárie do Centro Cívico, em Curitiba
Diogo de Moraes Ilustração “Esfolar”, de Diogo de Moraes, 2015 Hoje fui à praça! À praça da cidade. Fui juntar-me aos meus pares na luta por dignidade. A praça era […]
Publicado 14/06/2015 - 16h44
Ilustração “Esfolar”, de Diogo de Moraes, 2015
Hoje fui à praça!
À praça da cidade.
Fui juntar-me aos meus pares na luta por dignidade.
A praça era bonita, tomada por guerreiros pacíficos e desarmados.
Eis que o céu cinza vem ao chão em forma de fumaça.
Vê-se uma praça de guerra.
Fomos covardemente atacados sem motivo.
Educadores desarmados alvejados por um sem número de balas de borracha e bombas de efeito moral, que pendiam do alto dos prédios, vindo de todas as direções, inclusive dos céus.
Sim, havia helicópteros para inibir a multidão.
Assim como cães policiais, tropas de choque, camburões de todas ordem.
A praça, que deveria abrigar cidadãos, abrigou a covardia.
Lá na praça tem uma creche.
As crianças estavam em pânico, a excessiva fumaça de gás chegou aos pequenos.
A praça esvaziou-se. E, do recuo, assistimos por mais de uma hora o lançamento ininterrupto de bombas.
Mas a praça não estava completamente vazia. Havia feridos e não podíamos resgatá-los.
Hoje fui à praça. E me orgulhei dos meus companheiros de luta.
Hoje fui à praça e amanhã também irei!
(Texto: Praça, de Maria Ravazzani, 2015)
O texto e a ilustração integram o livro Pequeno Compêndio de Repúdio Ao Massacre No Centro Cívico, que reúne trabalhos de vários artistas visuais, em repúdio à violenta e criminosa repressão governamental sofrida pelos professores e servidores públicos do Paraná em 29 de abril. Sob a concepção e coordenação de Diogo de Moraes e Neide Jallageas, o convite à participação de artistas de todo o país foi divulgado por meio do Facebook. O livro completo pode ser acessado aqui