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Mostra exibe produção artística negra na Favela da Maré

'Diálogos Ausentes' apresenta até dezembro instalações, curtas-metragens, fotografias e registros de performances e peças teatrais de 17 artistas negros brasileiros

Divulgação

Cena do espetáculo ‘Exu – A Boca do Universo’, dirigido por Fernanda Júlia

Romper o ciclo de invisibilidade comum à produção artística negra no Brasil. Este é o objetivo da Mostra Diálogos Ausentes que, depois de passar por São Paulo, entrou hoje (30) em cartaz no Galpão Bela Maré, na Favela da Maré, no Rio de Janeiro. Promovida pelo Instituto Itaú Cultural, a exposição itinerante chega à capital fluminense por meio de parceria com o Observatório de Favelas.

A mostra, que tem curadoria de Rosana Paulino e Diane Lima e projeto expográfico de Henrique Idoeta, exibe obras de 17 artistas negros brasileiros das artes visuais, cênicas e do audiovisual. A ideia nasceu da realização de uma série de encontros que discutia com artistas, especialistas e público, a representação dos negros em diferentes segmentos artísticos e expressões culturais.

Segundo a organização, a Mostra Diálogos Ausentes é um convite a conhecer a riqueza da produção de artistas negros contemporâneos no Brasil, ao trazer manifestações das formas de fazer, conceitos e novas visualidades que constituem a produção artística da cultura negra atual. Ou seja, uma arte que manifesta e transforma diálogos ausentes em diálogos presentes.

Entre os artistas em cartaz estão Aline Motta, Yasmin Thayná, Dalton Paula, Gessica Justino, Eneida Sanches, André Novais, os grupos Coletivo Negras Autoras e Capulanas Cia. de Arte Negra, entre outros. Em tempos de crescente intolerância contra as religiões de matrizes africanas, a instalação Transe Iluminado, de Eneida Sanches, aborda o conceito de transe como um fenômeno de caráter religioso e social que auxilia a representação coletiva da cultura negra da Bahia.

Estarão em cartaz os curtas-metragens Kbela, de Yasmin Thayná, Quintal, de André Novais, e Cores e Botas, de Juliana Vicente. Também será exibido o registro da performance Unguento, uma intervenção que o artista visual Dalton Paula realizou em 2015 na cidade de Lençóis, na Bahia, durante a mostra Osso Latino-americana de Performances Urbanas. O espetáculo Exu – A Boca do Universo, dirigido por Fernanda Júlia,é o tema de fotografias e vídeos.

Além das obras exibidas no Itaú Cultural de São Paulo, a mostra do Rio de Janeiro traz trabalhos de Eustáquio Neves, Gessica Justino e Heberth Sobral. Este último apresenta fotografias da série Estandarte, que fazem uma releitura das obras de Jean-Baptiste Debret sobre os costumes de africanos escravizados no Rio de Janeiro utilizando peças de brinquedos. A série A Boa Aparência, do fotógrafo e videoartista Eustáquio Neves, exibe textos de periódicos e classificados de oferta de empregos que escancaram o hábito cotidiano de se julgar os negros pela aparência.

A instalação Barbeiragem, da produtora Gessica Justino, se inspira no trabalho dos barbeiros e as relações que se desenvolvem dentro das barbearias. Ela conecta os barbeiros sangradores e curandeiros de meados de 1800 àqueles que atendem em favelas e regiões periféricas do Brasil e do mundo na contemporaneidade. A obra simula uma barbearia, com cadeiras, espelhos e acessórios e apresenta fotografias e um curta-metragem relacionado ao tema. Neste sábado, na abertura da exposição, barbeiros profissionais vão oferecer cortes de cabelo.

Mostra Diálogos Ausentes
Abertura: sábado, dia 30 de setembro, às 16h
Visitação: de 1 de outubro a 10 de dezembro
De terça-feira a domingo, das 10h às 19h
Onde: Galpão Bela Maré
Rua Bittencourt Sampaio, 169, Maré, entre as passarelas 9 e 10 da Avenida Brasil
Quanto: grátis
Classificação indicativa: 14 anos