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Matilha Cultural faz exposição coletiva de arte negra e periférica

'As Margens – Resistimos para Estar Aqui' apresenta trabalhos de seis artistas negros, com obras e discursos que evidenciam diferentes visões descentralizadas da sociedade

Ione Maria/Divulgação

‘Soma”, de Ione Maria, que em seus trabalhos aborda ancestralidade, negritude, periferia, cultura popular e indígena

As culturas negra, afro-brasileira e periférica são o tema da exposição As Margens – Resistimos para Estar Aqui, que fica em cartaz até dia 21 de dezembro na Matilha Cultural, em São Paulo. Os artistas negros e os coletivos que fazem parte da mostra transmitem suas visões de mundo e discursos por meio de obras que trazem perspectivas descentralizadas da sociedade.

A escolha do título As margens se deu pois a maior parte da população negra e mestiça encontra-se nas margens, sejam elas geográficas ou no contexto de participação do meio cultural, que abre portas e olhos para um tipo específico de arte. É essencial, então, falarmos das periferias quando abordamos cultura negra, cultura afro-brasileira. Neste contexto, grande parte da participação cultural se deu e ainda se dá fora dos centros. Porém, essas manifestações, que vêm de um histórico de desclassificação e proibição, têm ganhado o mundo e o respeito ao se tornarem patrimônios como, por exemplo, samba, jongo, capoeira, acarajé, feijoada e religiões, como a umbanda e o candomblé”, anunciam os organizadores.

O texto curatorial explica o significado da palavra “resiliência”, questão fundamental na mostra que tem como um dos temas principais a resistência: “A resiliência é a capacidade de o indivíduo lidar com problemas, adaptar-se a mudanças, superar obstáculos ou resistir à pressão de situações adversas – choque, estresse, algum tipo de evento traumático etc. – sem entrar em surto psicológico, emocional ou físico, por encontrar soluções estratégicas para enfrentar e superar as adversidades. Nas organizações, a resiliência se trata de uma tomada de decisão quando alguém se depara com um contexto entre a tensão do ambiente e a vontade de vencer. Essas decisões propiciam forças estratégicas na pessoa para enfrentar a adversidade”.

Seis artistas integram a exposição As Margens – Resistimos para Estar Aqui: Ione Maria propõe com suas obras uma extensão de todas as referências que carrega sobre ancestralidade, negritude, periferia, cultura popular e indígena; Rafael Ribeiro, conhecido como Iwintolá, passeia por diversas técnicas inspirado pelo mundo material e espiritual; Jader Monteiro se divide entre a ilustração e o cinema; Kelton Campos Fausto trabalha com a desconstrução e questiona o fato de as pessoas serem tratadas como números; a artista visual Nany Dias, uma das fundadoras da Galeria MuZica, aborda a limitação humana por meio da interação entre o macro e microcosmo; e Roger Ramos baseia seus trabalhos nos signos do corpo, do templo e do espaço sob a ótica do afrontamento.

Entre os temas abordados pelos artistas estão as religiões de matriz africana e a violência policial, “que apesar de não se restringir à periferia, tem lá sua manifestação mais agressiva e midiaticamente camuflada”.

As Margens – Resistimos para Estar Aqui
Quando:
até 21/12
De terça a domingo, da 12h às 20h, e aos sábados, das 14h às 20h
Onde: galeria da Matilha Cultural
Rua Rego Freitas, 542, São Paulo (SP)
Quanto: grátis
Mais informações: (11) 3256-2636 e www.matilhacultural.com.br