Editorial

Eleições 2010 e o caminho a ser seguido

A  chamada “guerra ao narcotráfico” no México já produziu mais de 28 mil mortos nos últimos quatro anos. Em todos os níveis, autoridades são corrompidas pelas organizações criminosas, ameaçadas, assassinadas. […]

A  chamada “guerra ao narcotráfico” no México já produziu mais de 28 mil mortos nos últimos quatro anos. Em todos os níveis, autoridades são corrompidas pelas organizações criminosas, ameaçadas, assassinadas. O país sofre influência direta dos Estados Unidos em sua política de defesa nacional. De acordo com o respeitado sociólogo mexicano Héctor Díaz-Polanco, o país está perdido, não tem projeto nacional e a sociedade está tomada por uma sensação de desalento.

O México foi um dos mais engajados no neoliberalismo desde os anos 1990. Hoje, enfrenta sem forças um inimigo recente, poderoso e torpe, que abastece de drogas o assombroso mercado consumidor americano. O país não é pobre e poderia exercer liderança semelhante à do Brasil na América do Sul. Mas o Estado está debilitado. O assunto será objeto de reportagem de um dos próximos números da Revista do Brasil. Mas por que abordar, neste espaço, temas de uma edição que ainda está por vir?

Trata-se de dar uma vaga ideia do que poderíamos ter virado caso o Brasil não tivesse começado, há oito anos, a virar o jogo do neoliberalismo conduzido pelo PSDB/DEM. Sabe-se que a eficiência e a inteligência policial são essenciais no enfrentamento ao crime, mas essa ação será inócua se não forem combatidas a concentração de renda e a miséria, raízes mais profundas das sociedades violentas.

No Brasil, foi nos presídios do estado mais rico que nasceu a principal organização criminosa do país, que mesmo de dentro das celas comandam suas operações. No sistema de segurança desse estado estão os piores salários de policiais do país, e nas escolas desse mesmo estado os profissionais de educação estão entre os mais desprezados.

E as mesmas forças políticas e cabeças econômicas comandam esse mesmo estado há mais de 16 anos. E depois de se comportar como amigos da onça enquanto o Brasil reagia à crise econômica, agora ainda tentam retomar o poder central, perdido em 2002.

Diferentemente do que costumam alardear as cabeças tucanas e seus porta-vozes na imprensa, o sucesso da economia brasileira não está na “continuidade” da política da era PSDB/DEM. Está na ruptura iniciada há oito anos, que adotou o estímulo ao crescimento econômico em vez da estagnação. E que tem como resultado, ao contrário daquela época, o crescimento do emprego, da massa salarial, a inclusão social e a distribuição de renda.

É esse o ponto de partida para se chegar a uma sociedade sem violência, a um país que seja grande economicamente e também justo com seu povo. Que o Brasil siga nessa trilha, sem dar chance ao retrocesso.