cada dia pior

Abertura de Doria tem segundo retrocesso com piora da pandemia no interior paulista

Doria novamente muda as regras e passa a separar municípios que estejam com aumento de casos das regiões em que estão inseridos para não parar a abertura

GovSP
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Para garantir a continuidade da abertura do comércio em meio à pandemia de covid-19, Doria vai mudando as regras, mas números do estado seguem em alta

São Paulo – O processo de abertura do comércio em meio à pandemia de coronavírus, implementado pelo governador paulista, João Doria (PSDB), teve o segundo retrocesso em menos de um mês. A situação se agravou no interior. Com isso, as regiões de Marília, com 51 cidades, e Registro, com 14, vão ter de endurecer as medidas de restrição, mantendo apenas os serviços essenciais funcionando. Desde o início da implementação do Plano São Paulo, que coordena a reabertura econômica, apenas três regiões evoluíram, enquanto sete retrocederam.

As duas regiões tiveram aumento significativo no número de internações de pessoas infectadas pelo coronavírus. Na região de Marília, o aumento foi de 51%. Já na região de Registro, que na semana passada havia passado da fase 1- vermelha, mais restrita, para a fase 2-laranja, a alta foi de 67%.

O estado como um todo teve pequena redução no número de novos casos de covid-19: 30.108, nesta semana, ante 33.320 na anterior. O número de novas internações teve queda de apenas 1% em relação. Já o número de novas mortes subiu 7%, de 1.584 para 1.701.

Mais restrições

Já na semana passada, quatro regiões em que Doria havia autorizado maior flexibilização no distanciamento social registraram aumento nas internações e mortes causadas pela covid-19 e passaram a uma quarentena mais restritiva. Barretos, Presidente Prudente, Bauru e Araraquara, que englobam 133 cidades, foram direto da fase 1-vermelha para a fase 3-amarela, e foram autorizadas a abrir shoppings, comércios em geral, bares, restaurantes, salões de beleza e escritórios. Mas a medida fracassou, e as cidades tiveram de aumentar as restrições.

Além disso, as regiões de Bauru e Araraquara também tinham sido colocadas na fase 3-amarela e tiveram de aumentar as restrições, passando para a fase 2-laranja, também na semana passada. Nenhuma região teve avanços nesta semana. As únicas regiões que tiveram avanço e mantiveram foram a região metropolitana de São Paulo e a Baixada Santista, que foram da fase 1-vermelha, para a fase 2-laranja.

Em relação a ocupação de leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI), das 22 regiões de saúde que o governo dividiu o estado, para definir a evolução da abertura, 12 permaneceram na mesma situação da semana anterior, quatro tiveram índices melhores e oito tiveram piora. Já nos indicadores de evolução da pandemia, oito ficaram na mesma situação da semana anterior, oito tiveram melhora e seis apresentaram piora.

O estado de São Paulo registra hoje 211.658 casos confirmados de covid-1, com 12.232 mortes. A taxa de ocupação de UTI é de 71,3% na Grande São Paulo e 67% no estado. Estão internadas 12.977 pessoas, sendo 4.996 em UTI e 7.981 em enfermarias.

Para evitar que a nova piora na situação obrigue a medidas mais restritivas na maior parte do estado, Doria mudou novamente as regras do Plano São Paulo. Primeiro, adiou em dois dias o anúncio da reavaliação, que devia ser realizado toda quarta-feira. Agora, o Comitê de Saúde passará a encaminhar notas técnicas para as cidades que tiverem piora, recomendando maior restrição apenas no município e não na região do entorno. A medida contraria o que o próprio governador defendia de tratar a pandemia sempre de forma regionalizada.

As primeiras cidades que vão receber essas orientações serão Campinas e Sorocaba, que registraram grave aumento na ocupação de UTI nos últimos dias. A cidade de Campinas chegou a 88% de ocupação de UTI. Já a região administrativa, que engloba outras 21 cidades, registrou aumento de 26,8% nos casos de covid-19 e de 33% nas mortes. A região tem 10.974 casos, e a ocupação de UTI chegou a 70,6%.

A região de Sorocaba registrou queda no número de novas mortes e aumento do número de casos de 6,3%. Porém, a rede de saúde da cidade se aproxima do colapso, com a ocupação de UTI em 95,7%.

Capital em perigo

Na capital paulista, que teve aprovação de vários protocolos para reabertura de diversos setores econômicos desde o dia 1º de junho, houve uma piora significativa nos indicadores de evolução da pandemia. A cidade chegou a ter 81,7% de ocupação de UTI no último domingo (13). O índice de aumento de casos, que era de 0,80 na semana passada – o que indicava diminuição no número de novos casos –, passou para 1,13 nesta semana, revelando aumento da contaminação que coincide com a abertura de Doria.

E a variação de mortes, que era de 0,84 na semana anterior – também indicando queda no número de novas mortes –, passou para 1,09 nesta semana. Hoje a cidade registra 6.215 mortes confirmadas causadas pela covid-19 e 5.038 suspeitas.