Novo coronavírus já infectou 6,6% da população na Baixada Santista
Conclusão é de pesquisa apurada há uma semana. “Não há justificativa para fazer a flexibilização do isolamento”, diz ex-ministro Arthur Chioro
Publicado 25/06/2020 - 08h04
São Paulo – O novo coronavírus está atingindo com força a região da Baixada Santista, no litoral de São Paulo. É o que mostra um estudo que buscou estimar a real exposição dessa população à doença.
Segundo o ex-ministro da Saúde Arthur Chioro, em entrevista ao Seu Jornal, na TVT, os dados apontam que para cada pessoa registrada oficialmente com o coronavírus, outras sete podem estar infectadas. Chioro faz parte da equipe de pesquisadores.
Esse estudo tem tentado compreender como está a prevalência do novo coronavírus na população dos nove municípios que integram essa região metropolitana, com cerca de 1,8 milhão de habitantes, ou 4% da população do estado de São Paulo.
- Leia mais: Cobiça das farmacêuticas pode limitar acesso universal à vacina contra covid-19
- Justiça do Trabalho recebeu até maio quase 8.700 processos relacionados à covid-19
- Frigoríficos aumentam propagação de covid-19 no interior do país
Nas quatro etapas do estudo desenvolvidas até agora, foi possível identificar uma ampliação significativa da população exposta ao coronavírus.
Na primeira fase, em 29 e 30 de abril, somente 1,4% da população apresentava anticorpos. Na última, cuja coleta foi feita entre 17 e 20 de junho, 6,6% da população já se encontra infectada pelo coronavírus. “Isso significa que na Baixada, 121 mil pessoas já devem estar infectadas pelo vírus, ou seja, um infectado para cada 15 habitantes”, diz o ex-ministro.
“Isso permite estimar a real exposição, já que para cada caso confirmado, estima-se com base na pesquisa que outras sete pessoas também estejam infectadas, e como tiveram efeitos leves ou assintomáticos sequer foram registrados”, diz o ex-ministro.
Isolamento precisa ser mantido
“O que eu acho que é muito relevante nesse estudo é que as medidas de flexibilização do isolamento, retomada de atividades econômicas e abertura de comércio estão sendo tomadas exatamente no momento em que a transmissão do coronavírus continua crescendo nos nove municípios da Baixada”, avalia.
“Aliás, essa é a realidade que se pode extrapolar também tanto para a região metropolitana de São Paulo, para o interior do estado e agora chegando também às regiões Centro-Oeste e também Sul do país”, afirma.
Segundo Chioro, o estudo é importante, porque a despeito de terem identificado essa tendência de crescimento a conclusão a que os pesquisadores chegam é de que é fundamental a manutenção do isolamento, o uso de máscaras e não há justificativa para fazer a tal da flexibilização do isolamento em bases científicas.
“Se os motivos são econômicos, são as eleições municipais, que se assuma, porque do ponto de vista da proteção à saúde da população não dá para sustentar com base nos estudos realizados na Baixada Santista, que coincidem com os resultados também de investigações feitas recentemente na cidade de São Paulo, e em âmbito nacional pela universidade Federal de Pelotas”.
“É fundamental entender o que está acontecendo e exigir que as autoridades públicas cumpram sua parte, protegendo a vida e a saúde da população”, conclui.