pandemia

Com mais de 88 mil mortos, Brasil não consegue passar da ‘primeira onda’ de covid-19

Enquanto o mundo teme uma nova onda de covid-19, o Brasil vive uma situação diferente. Descaso do poder público não deixa primeira onda se encerrar

semcom
semcom

São Paulo – O Brasil tem 88.470 cidadãos mortos pela covid-19, doença provocada pelo novo coronavírus. Nas últimas 24 horas, foram pelo menos 852 novas vítimas oficialmente registradas. Já o número de casos teve acréscimo de ao menos 38.513 doentes. Os dados não incluem os números de São Paulo e do Pará, que não divulgaram seus boletins desta terça-feira (28). Desde o início da pandemia, em março, 2.480.88 brasileiros foram infectados. Os números foram levantados pelo Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass).

Existe ampla subnotificação de registros no país, algo denunciado por cientistas e reconhecido por autoridades. O Brasil é um dos países do mundo que menos aplica testes de covid-19 à sua população. A subnotificação tende a piorar, conforme o vírus segue sua trajetória para o interior. Isso porque os grandes centros possuem maior capacidade de medicina diagnóstica.

Segunda onda só lá fora

A Espanha viu o aumento de novos casos de contágio de 75% em quatro dias, o que fez com que o Reino Unido retornasse com restrições nas fronteiras. A ilha estuda impor restrições a todos os viajantes do continente. A Alemanha, apontada como exemplo no combate ao vírus, teme o recrudescimento da pandemia.

“A pandemia ainda está longe de ter passado no mundo. Pelo contrário: a curva das novas infecções globais continua a crescer exponencialmente. Portanto, dia após dia há cada vez mais pessoas recém-infectadas – e não menos. A pandemia é agora ainda mais perigosa do que era no primeiro dia”, afirmou o periódico alemão DW, em editorial.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) voltou hoje a reforçar as recomendações de isolamento social. “Não vamos voltar ao ‘velho normal’. A pandemia já mudou a forma como vivemos nossas vidas”, disse em coletiva o diretor-geral da organização, Tedros Adhanom.

A situação no Brasil é mais delicada. O país não tem a chamada segunda onda como previsão. Isso, porque a falta de controle do vírus, a ausência de políticas de isolamento e o descaso das autoridades fez com que a pandemia de covid-19 se estabilizasse em números considerados muito elevados. Há mais de um mês o país é o epicentro do vírus, com mais mortes diárias em todo o mundo.

Comportamento atípico

Novos estudos avaliados pela OMS indicam que a covid-19 não segue os mesmos padrões dos vírus da gripe. Patógenos como a influenza A e a H1N1 tendem a se dissipar com maior facilidade durante estações frias. Essa característica os classifica como vírus sazonais.

Já o vírus da covid-19, o Sars-CoV-2, não avança desta forma, mas sim em ondas. Logo, os verões não são fatores que impedem o avanço da pandemia. Uma prova disso é o Brasil, severamente afetado durante em regiões quentes. Uma das cidades onde a tragédia se abateu com mais força no país foi Manaus, que tem médias regulares de temperatura acima dos 30 graus durante todo o ano.

“As pessoas ainda estão pensando sobre estações do ano. O que todos precisamos ter na cabeça é que esse é um novo vírus e… esse está se comportando de forma diferente”, disse a coordenadora da OMS Margaret Harris.

Logo, medidas de isolamento social mais intensas, chamadas de “lockdown”, podem estar no horizonte próximo. “Se você tem um aumento de uma doença respiratória quando já tem um fardo muito grande de doenças respiratórias, isso coloca ainda mais pressão no sistema de saúde”, completou a coordenadora.


Leia também


Últimas notícias