Errante

Brasil segue caminho oposto ao da OMS e se aproxima de 95 mil mortos pela covid-19

OMS reforça a importância de medidas sanitárias e de isolamento, uma vez que faltam estudos sobre poder e eficácia das vacinas que estão em desenvolvimento

Christiano Antonucci – Secom-MT
Christiano Antonucci – Secom-MT
Dados apresentados pela Anvisa apontam que pacientes que usaram Remdesivir tiveram um menor tempo de internação

São Paulo – O Brasil se aproxima de 95 mil morte causadas pela covid-19, doença provocada pelo novo coronavírus. Nas últimas 24 horas, foram registradas 556 mortes, que totalizam 94.660 óbitos desde o início do surto, em março. Já o número de infectados teve um acréscimo de 16.476 novos casos no período e são 2.750.153 ao todo. As informações são do Conass, Conselho Nacional de Secretários de Saúde, em boletim divulgado no início da noite desta segunda-feira (3)

O número é relativamente baixo, em comparação à média dos demais dias das últimas nove semanas – acima de mil mortos por dia. Às segundas-feiras, os números oficiais tendem a ser mais baixos porque há menos profissionais dos setores de Saúde que realizam tais registros. A distorção é corrigida ao longo dos dias seguintes, com a notificação dos casos represados.

Com exceção, portanto, das segundas-feiras, a curva de contágio da covid-19 no Brasil mostra tendência contínua de ascensão no número de casos e de relativa estabilidade nas mortes – porém, em números bastante elevados. –, o chamado platô. Mas, mesmo com mortes acima do milhar diariamente, o platô foi o argumento usado amplamente por governadores e prefeitos para relaxar medidas de isolamento social. Como resultado, as duas últimas semanas voltaram a registrar alta importante no número de vítimas.

Dados consolidados pelo Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass)

No caminho errado

O Brasil é o segundo país mais afetado pela covid-19 no mundo, atrás apenas dos Estados Unidos. Epicentro da doença no mundo por mais de um mês, o país não adotou medidas de controle da pandemia; ao contrário, governos locais negligenciaram medidas de isolamento, enquanto o governo federal, de Jair Bolsonaro, insiste em minimizar a doença e as mortes.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) alertou hoje (3) que a situação no Brasil “continua muito preocupante”, nas palavras do diretor-executivo da entidade, Michael Ryan. “É preciso criar condições para que a doença não se espalhe tão rapidamente, dar estrutura para que as comunidades possam seguir as regras e cada pessoa reduza sua própria exposição ao contágio”, completou.

No entanto, o Brasil caminha no sentido oposto. Aglomerações são cada vez mais frequentes, o que torna difícil seguir a orientação básica dada pela entidade: “A única saída para países com intensa transmissão comunitária, como o Brasil, é uma parceria forte entre governo federal, estaduais e o engajamento da sociedade”.

Vacinas

Cresce a expectativa em todo o mundo pelo anúncio de criação de vacinas contra a covid-19. Atualmente, são mais de 160 compostos em estudo; 25 em fase mais avançada. A OMS, por meio do diretor-geral, Tedros Adhanom, comemorou a velocidade com que a ciência busca uma saída para a crise. Entretanto, disse que é preciso cautela.

Isso porque, como o vírus tem circulação muito recente, ainda não houve tempo para o desenvolvimento de estudos mais elaborados e consolidados sobre imunização. As preocupações são, sobretudo, acerca do tempo de validade e poder da vacina contra a covid-19. “Não existe bala de prata no momento e talvez nunca exista”, disse Adhanom.

“Há a preocupação de que talvez não tenhamos uma vacina que funcione. Ou que a proteção oferecida possa durar alguns meses, nada mais”, ressaltou o especialista. Diante de tal cenário incerto, a recomendação segue pelo isolamento social. “Se fizermos tudo, se adotarmos uma abordagem abrangente, podemos mudar isso (o cenário atual).”


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