Mobilização

Greve dos bancários tem prisão e adesão recorde no 17º dia

Para dirigente, Fenaban dá sinais de apoio à tese de redução salarial. Em dia nacional de mobilização, metalúrgicos param e químicos entregam pauta na Fiesp. Petroleiros se preparam para greve

sind. bancários sp

Diretora do Sindicato dos Bancários de São Paulo foi detida durante manifestação no Santander: truculência, diz entidade

São Paulo – Em seu 17º de paralisação nacional, que coincide com uma data de protestos contra o governo Michel Temer e em defesa de direitos, os bancários registraram adesão recorde na base de São Paulo e prisão de uma diretora do sindicato. Os representantes da categoria ainda aguardam retomada das negociações por parte da Federação Nacional dos Bancos (Fenaban). Na próxima segunda-feira, o Comando Nacional dos Bancários vai se reunir para avaliar o movimento. Também hoje (22), metalúrgicos fizeram paralisações e químicos do estado de São Paulo entregaram pauta de reivindicações. Já os petroleiros iniciaram assembleias para discutir uma possível greve.

Balanço divulgado no final da tarde pelo Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região aponta 796 locais de trabalho – 780 agências e 16 centros administrativos – fechados nesta quinta-feira. A entidade estima que 60 mil trabalhadores participaram das paralisações. Pela manhã, a diretora executiva da entidade Maria Rosani Gregorutti, funcionária do Santander, foi detida durante manifestação no prédio onde ficam a diretoria e a administração do banco, na zona oeste. “Truculência não resolve campanha”, reagiu a presidenta da entidade, Juvandia Moreira. “O sindicato não vai aceitar isso nem qualquer tipo de agressão a bancários ou dirigentes sindicais.”

De acordo com a Confederação Nacional dos Trabalhadores no Ramo Financeiro (Contraf-CUT), 13.159 agências, 55% do total do país, tiveram atividades paralisadas hoje. “Sem desmobilizar a nossa greve específica, que chegou ao seu 17º dia forte, participamos de atos e manifestações classistas por todo o Brasil. Fechamos os centros administrativos dos três principais bancos privados em São Paulo e o prédio Matriz da Caixa em Brasília. Foi um movimento histórico e necessário”, afirmou o presidente da entidade, Roberto von der Osten, o Betão.

O número de agências fechadas foi ligeiramente inferior (-1,78%) ao da véspera, o que Betão atribui ao aumento da truculência, citando o caso da prisão em São Paulo e interditos proibitórios (ações judiciais) em alguns locais. Mas o movimento segue forte, acrescentou, ao destacar paralisação em três grandes centros administrativos em São Paulo (Bradesco, Itaú e Santander), mobilizando 25 mil bancários.

O dirigente também nota diferença de postura patronal nas negociações deste ano. “Tem sinais de que a Fenaban pretende aderir a essa tese de que tem de reduzir salário”, afirmou, referindo-se a uma possível premissa do novo governo para combater a inflação. “Mas não vamos aceitar.”

Betão citou o Plano Real, em meados dos anos 1990, com suas “âncoras” cambial, monetária e salarial. Funcionários do Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal, por exemplo, ficaram oito anos sem reajuste salarial, apenas recebendo abonos, até 2002.

ABC

Entre os metalúrgicos do ABC paulista, o sindicato da categoria afirmou que funcionários de 22 empresas interromperam atividades durante a manhã, nas cidades de São Bernardo, Diadema, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra. Segundo a entidade, a mobilização reuniu aproximadamente 8 mil trabalhadores. Apenas em São Bernardo, foram 5 mil metalúrgicos de 12 empresas, incluindo duas montadoras (Scania e Toyota).

Está em curso um golpe que tem como foco uma mudança estrutural no país, que passa pela retirada e redução de direitos básicos como Previdência, jornada de trabalho, verbas para saúde e educação”, afirmou o presidente do sindicato, Rafael Marques. “Grande parte do que se conquistou no Brasil é fruto do nosso trabalho, da nossa luta. Se houver necessidade, se os direitos da classe trabalhadora continuarem em risco, os metalúrgicos do ABC estão prontos para a greve geral.”

Já os químicos, que também participaram das atividades, entregaram a pauta de reivindicações referente à campanha salarial aos negociadores da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). A campanha envolve bases da CUT e da Força Sindical, com data-base em 1º de novembro. O Sindicato dos Químicos do ABC (CUT) promoveu hoje atraso de duas horas nas entradas dos turnos nas fábricas da Ortobom (São Bernardo), Davene (Diadema) e Solvay (Santo André).

Também em campanha salarial (a data-base é 1º de setembro), os petroleiros aderiram ao movimento e fizeram assembleias e manifestações para discutir a organização de uma possível greve da categoria. Proposta da Petrobras já foi rejeitada em unidades na Bahia, Paraná, Rio Grande do Norte, Minas Gerais, Santa Catarina e Duque de Caxias (RJ).

RBA
Na Bahia, assim como em outros estados, petroleiros fizeram protestos e disseram não à proposta da empresa

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