Gestão Covas

Capital paulista tem 3.876 trabalhadores da saúde afastados pela covid-19

Número soma casos suspeitos e confirmados de coronavírus nos trabalhadores da saúde. Prefeitura também divulgou número de mortes por subprefeitura

Edi Sousa/Sindsep
Edi Sousa/Sindsep
Trabalhadores já realizaram protestos por melhores condições na rede de saúde e em memória dos trabalhadores mortos

São Paulo – A prefeitura de São Paulo oficializou ontem (15) que 3.876 trabalhadores da saúde municipal estão afastados por casos suspeitos ou confirmados de coronavírus. Além disso, a gestão do prefeito Bruno Covas (PSDB) divulgou que 11 de seus servidores do setor morreram devido à covid-19, número inferior aos 14 apontados pelo Sindicato dos Servidores Municipais de São Paulo. De acordo com os dados, 2.821 profissionais afastados trabalham nas Unidades Básicas de Saúde (UBS), outros 1.005 atuam nos hospitais municipais e 50 são trabalhadores do Hospital do Servidor Público Municipal (HSPM).

O número de servidores afastados divulgado pela prefeitura representa um aumento de quase sete vezes do número de trabalhadores da saúde afastados na segunda quinzena de março, segundo levantamento do Sindsep: 559. E um aumento equivalente no número de profissionais que atuam nos hospitais: na segunda quinzena de março, eram 114. Na avaliação do sindicato, a falta de equipamentos adequados de proteção está diretamente ligada ao aumento do afastamento de trabalhadores da saúde.

O Sindsep vem denunciando a falta de EPI para os trabalhadores da saúde, que acabam sendo obrigados a reaproveitar parte dos equipamentos, utilizar sacos de lixo como avental, atuar sem máscara de proteção, entre outros problemas, no atendimento a pacientes suspeitos ou confirmados de coronavírus – colocando suas próprias vidas em risco.

Além de máscaras, faltam luvas, álcool em gel, protetores faciais, toucas cirúrgicas e demais itens de proteção para o corpo. Aventais e macacões impermeáveis não têm sido recebidos em número suficiente para estes profissionais.

Pesquisa realizada pelo sindicato revelou que 62% dos trabalhadores da saúde afirmam não ter acesso à máscara do tipo N95, e ainda enfrentam a falta de máscaras de proteção (52%). Além disso, não há álcool para 70% dos profissionais e avental, para 30%.

Ao mapear as condições de segurança de trabalho, a pesquisa mostrou que a possibilidade de contaminação é ainda maior para os servidores do grupo de risco da covid-19, que são quase um terço dos funcionários públicos, considerando apenas aqueles que têm 60 anos ou mais.

Para o Sindsep, os dados assustam e reforçam as denúncias de falta de EPI trazidas especialmente por trabalhadores da rede hospitalar. “O Sindsep segue denunciando que os trabalhadores da saúde estão em perigo diante da irresponsabilidade da prefeitura com o fornecimento em quantidade e qualidade adequados dos equipamentos de proteção.

Os meios de comunicação dia após dia expõe a realidade da falta e da qualidade inapropriada do EPIs distribuídos: aventais, capotes, toucas, óculos de proteção, face shield, sapatilhas e também insumos como álcool gel”, disse o sindicato.

Sindsep
À esquerda, a máscara de proteção normalmente utilizado nas unidades de saúde. À direita o novo modelo

O governo Covas entregou novas máscaras de proteção para os trabalhadores da saúde, mas estas são de baixa qualidade, feitas de um material muito mais fino que os das máscaras normalmente utilizadas na rede de saúde. O material, da marca Bompack, vem sendo entregue nas unidades desde o início da semana.

Servidores tiraram fotos comparando os modelos e a diferença de espessura entre os modelos é significativa, evidenciando que seu uso não protegerá os trabalhadores do risco de infecção. “Não sei se é melhor trabalhar com ou sem essa máscara. Isso é um cala-boca da prefeitura, para dizer que está protegendo os profissionais de saúde. É vergonhoso oferecer esse material no meio dessa situação”, relatou uma trabalhadora da saúde que pediu para não ser identificada.

Mortes na cidade

O governo Covas também divulgou ontem a distribuição das mortes causadas por coronavírus por subprefeitura da cidade, até o dia 13 deste mês. O maior número de casos está na subprefeitura da Penha, na zona leste, com 79 mortos. Em seguida vem a Mooca, também na zona leste, com 67; a Casa Verde, na zona norte, com 63; a Sé, na região central, com 61; e Itaquera, novamente na zona leste, com 60 casos. Confira a tabela: