Sem exploração

Entregadores buscam em cooperativa caminho para trabalhar sem patrão

Processo de criação de uma cooperativa que concorra com os aplicativos é caro, mas conta com apoio de voluntários e inspiração em projetos no exterior

Roberto Parizotti
Roberto Parizotti
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São Paulo – Além de mobilização nas ruas por mais direitos, os entregadores de aplicativos estão se organizando para deixar de depender das plataformas. Reportagem da BBC News Brasil relata que um grupo de profissionais está se organizando com o objetivo de fundar uma cooperativa, e firmar seu próprio aplicativo de entrega. A ideia é trabalhar “sem patrão” e sem exploração.

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“A luta não é só por melhoria dentro do aplicativo. Até porque muito foi refletido internamente de que lutar por melhoria dentro do aplicativo não resolve nossos problemas, né? Os donos de aplicativos querem encher o bolso de dinheiro, não querem de fato melhoria do trabalho do entregador”, afirmou à BBC a entregadora Eduarda Alberto, do Rio de Janeiro. Ela levou a ideia da cooperativa para dentro do movimento Entregadores Antifascistas junto com outro colega de trabalho, Alvaro Pereira.

Eduarda acredita que “eles (as grandes empresas) podem até fazer alguma coisa (atender alguma reivindicações) para ‘calar a boca’ do movimento”. “Mas a única possibilidade de melhora mesmo é com autogestão”, acredita a jovem, que é estudante de Arquitetura e Urbanismo na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

Apoio e inspiração

De acordo com a reportagem da BBC Brasil, não é simples nem barato o processo de criação de uma cooperativa para concorrer com grandes plataformas de entrega. “Apenas o desenvolvimento inicial de um aplicativo enxuto do tipo custa cerca de R$ 500 mil”, informam.

Por isso, para tentar viabilizar a ideia, os Entregadores Antifascistas contam com apoio voluntário de advogados, economistas, programadores e estudiosos do cooperativismo de plataforma.

Além disso, buscam inspiração em cooperativas de entrega que já existem no exterior. É o caso da Mensakas, criada em Barcelona a partir de um movimento grevista contra a Deliveroo (uma das principais empresas de entregas na Europa) em 2017. Ou a CoopCycle, federação que reúne 30 cooperativas do tipo, sendo 28 na Europa e duas no Canadá.

Enquanto buscam alternativas, Eduardo Alberto e mais seis colegas do ramo criaram o coletivo de entregas Despatronados. Com isso, esperam ter uma rede de entregadores e clientes no Rio de Janeiro quando a cooperativa virar realidade.

Leia reportagem completa no site da BBC News Brasil.